Da desresponsabilização ou faça o favor de desparecer
Hoje no Público, o coreógrafo e bailarino João Fiadeiro, depois de expôr as suas ideias a propósito da polémica do Rivoli e, em particular, de refutar as que José Pacheco Pereira explanou aqui, decide terminar o seu texto com um "Meu caro José Pacheco Pereira, o Pedro Santana Lopes já não anda por aqui, o perigo já passou, já pode ir para Bruxelas".
João Manuel de Oliveira, investigador (Estudos de Género e Teoria Feminista) e Programador da Eira 33, escrevia aqui uma crítica à jornalista Judite de Sousa. Nos comentários a Manel dizia: [...] mas queres algo mais anedótico que chamar "jornalista" à Judite de Sousa?. O João responde: tens toda a razão!
Independentemente de eu próprio corroborar das ideias de João Fiadeiro ou de João Oliveira (e corroboro) é contraproducente enviar quem quer que seja para as urtigas. O primeiro para Bruxelas, a segunda para uma classe indeterminada de trabalhadores (pseudo-jornalistas?).
Mas fossem esses casos raros. Qualquer pequena coisa que se passe na Madeira e já queremos que ela desapareça, se torne independente ou que caia um raio em cima do Alberto João. Se o PCP é um conjunto de reaccionários apoiantes de Kim Yong Il ou das FARC, eles que vão para a Coreia ou para a selva colombiana que cá não fazem falta nenhuma.
Interessa-me muito mais saber dos problemas da esquerda do que os da direita, mas à direita o discurso parece-me idêntico, mesmo se aparentemente caricato quando ouvimos Vasco Pulido Valente falar de Manuel Monteiro (não há dia em que ele não diga que Manuel Monteiro não existe) ou a bancada do CDS-PP fazer jogos palacianos para afastar o presidente do partido.
Tanto à esquerda como à direita a coisa assemelha-se a uma palmadinha nas costas, do avesso mas com a mesma finalidade: a desresponsabilização. Será que Pacheco Pereira vai deixar de ter o peso mediático por querer mandá-lo para Bruxelas ou para Marte? Judite de Sousa vai deixar de ocupar uma cadeira onde deveria estar uma pessoa isenta e verdadeiramente preocupada em tirar do entrevistado aquilo que interessa? A resposta parece-me óbvia. O remédio proposto não se justifica. É aliás de efeito contrário porque, no fundo, a crítica foi um murro ao lado e os "acusados" continuam frescos e soltos e sem contraditório à altura (e não era preciso muito se nos lembrarmos do Alberto João).
Aquilo que penso é que o respeito pelo adversário (se é que há adversários?) só se coaduna com uma crítica séria. Criando mecanismos que verdadeiramente afectem quem tem responsabilidades. Uma jornalista, por fazer um mau trabalho, deveria ser chamada a melhorar (já agora, ninguém é perfeito!) através de uma chuva de mails, cartas, queixas ao sindicato e ao "clube" a que pertence.
O que verdadeiramente me preocupa é que a esquerda seja tão pronta a "eliminar" como a direita. É sinal que ainda não vivemos verdadeiramente em democracia e que as instituições não funcionam. A Judite nunca estaria naquele cargo se assim fosse. O Pacheco Pereira não teria o poder mediático que tem e a esquerda (e já agora o resto do espectro político) faria política sem precisar de aviões e de imaginação em excesso.
João Manuel de Oliveira, investigador (Estudos de Género e Teoria Feminista) e Programador da Eira 33, escrevia aqui uma crítica à jornalista Judite de Sousa. Nos comentários a Manel dizia: [...] mas queres algo mais anedótico que chamar "jornalista" à Judite de Sousa?. O João responde: tens toda a razão!
Independentemente de eu próprio corroborar das ideias de João Fiadeiro ou de João Oliveira (e corroboro) é contraproducente enviar quem quer que seja para as urtigas. O primeiro para Bruxelas, a segunda para uma classe indeterminada de trabalhadores (pseudo-jornalistas?).
Mas fossem esses casos raros. Qualquer pequena coisa que se passe na Madeira e já queremos que ela desapareça, se torne independente ou que caia um raio em cima do Alberto João. Se o PCP é um conjunto de reaccionários apoiantes de Kim Yong Il ou das FARC, eles que vão para a Coreia ou para a selva colombiana que cá não fazem falta nenhuma.
Interessa-me muito mais saber dos problemas da esquerda do que os da direita, mas à direita o discurso parece-me idêntico, mesmo se aparentemente caricato quando ouvimos Vasco Pulido Valente falar de Manuel Monteiro (não há dia em que ele não diga que Manuel Monteiro não existe) ou a bancada do CDS-PP fazer jogos palacianos para afastar o presidente do partido.
Tanto à esquerda como à direita a coisa assemelha-se a uma palmadinha nas costas, do avesso mas com a mesma finalidade: a desresponsabilização. Será que Pacheco Pereira vai deixar de ter o peso mediático por querer mandá-lo para Bruxelas ou para Marte? Judite de Sousa vai deixar de ocupar uma cadeira onde deveria estar uma pessoa isenta e verdadeiramente preocupada em tirar do entrevistado aquilo que interessa? A resposta parece-me óbvia. O remédio proposto não se justifica. É aliás de efeito contrário porque, no fundo, a crítica foi um murro ao lado e os "acusados" continuam frescos e soltos e sem contraditório à altura (e não era preciso muito se nos lembrarmos do Alberto João).
Aquilo que penso é que o respeito pelo adversário (se é que há adversários?) só se coaduna com uma crítica séria. Criando mecanismos que verdadeiramente afectem quem tem responsabilidades. Uma jornalista, por fazer um mau trabalho, deveria ser chamada a melhorar (já agora, ninguém é perfeito!) através de uma chuva de mails, cartas, queixas ao sindicato e ao "clube" a que pertence.
O que verdadeiramente me preocupa é que a esquerda seja tão pronta a "eliminar" como a direita. É sinal que ainda não vivemos verdadeiramente em democracia e que as instituições não funcionam. A Judite nunca estaria naquele cargo se assim fosse. O Pacheco Pereira não teria o poder mediático que tem e a esquerda (e já agora o resto do espectro político) faria política sem precisar de aviões e de imaginação em excesso.
<< Home