Sarkasmo e demência
Na edição de ontem do Pasquim, Esther Mucznik defendia Sarkozy para Presidente de França e Helena Matos, no seu estilo inconfundível, comparava a fase final do regime fascista com o período que atravessa a nossa democracia. Vindo de quem vem, nenhum dos textos surpreende.
Mucznik já se percebeu, é uma ex-maoísta encantada com a agenda «politicamente incorrecta»: no seu caso particular, um misto de ultraliberalismo económico e proselitismo religioso. Talvez se foda, ela mais a comunidade judaica, quando um dia a «amiga França», essa que ainda hoje convive mal com o passado colaboracionista com o regime nazi, lhe diga que não é desejada no país da «liberdade» e que se quer melhorar de vida mais vale procurá-la na sua terra (isto, se ainda a tiver na altura). Nem falo noutras «soluções», porque isso já era especular em demasia.
O texto de Helena Matos é um wishful thinking. A jornalista (suponho que tem canudo, apesar de em 10 anos nunca lhe ter visto uma peça de tal teor) ainda não percebeu que, cada vez mais, essa de atirar com o Salazar às trombas dos leitores já cola pouco, tanto mais que, desde que ganhou um concurso público, ser comparado com o obreiro da pátria até pode ser encarado como um elogio.
Mas voltando ao wishful thinking. Ela gostaria de acreditar (e assim, fazer-nos acreditar) que o primeiro-ministro está numa desgraça tal que, desta cruzada pela liberdade de informar que o insuspeito Pasquim enveredou, está para breve a sua queda. Só o Primeiro não vê (tal a sua loucura!) e o «povo», coitado, ainda está a sair da letargia, para, em breve e de cravo na mão, sair à rua exigindo liberdade.
Raia a demência a escrevinhadura de Helena Matos. O que o Pasquim não conseguiu chafurdando na vida privada de um político, a jornalista-devidamente-canudada quer fazê-lo conjecturando prosas de ficção-pouco-científica.
Neste país mais depressa acaba o Pasquim do que conseguem provar, por A+B, que houve favorecimento no caso da licenciatura de Sócrates. É preciso grandes doses de cinismo para atirar à cara de um político que o seu precurso se deve mais ao amiguismo do que ao mérito. É que é todo um país a viver nessa ambiguidade táctica e incriminar um por todos é técnica suicida. É um boomerang que bem pode decepar na volta, tanto o jornal como a colaboradora. Porque o «povo», esse, não está tão estúpido como a Helena pensa. Os tempos não voltam para trás e não estamos em 1968 ou 70.
Mucznik já se percebeu, é uma ex-maoísta encantada com a agenda «politicamente incorrecta»: no seu caso particular, um misto de ultraliberalismo económico e proselitismo religioso. Talvez se foda, ela mais a comunidade judaica, quando um dia a «amiga França», essa que ainda hoje convive mal com o passado colaboracionista com o regime nazi, lhe diga que não é desejada no país da «liberdade» e que se quer melhorar de vida mais vale procurá-la na sua terra (isto, se ainda a tiver na altura). Nem falo noutras «soluções», porque isso já era especular em demasia.
O texto de Helena Matos é um wishful thinking. A jornalista (suponho que tem canudo, apesar de em 10 anos nunca lhe ter visto uma peça de tal teor) ainda não percebeu que, cada vez mais, essa de atirar com o Salazar às trombas dos leitores já cola pouco, tanto mais que, desde que ganhou um concurso público, ser comparado com o obreiro da pátria até pode ser encarado como um elogio.
Mas voltando ao wishful thinking. Ela gostaria de acreditar (e assim, fazer-nos acreditar) que o primeiro-ministro está numa desgraça tal que, desta cruzada pela liberdade de informar que o insuspeito Pasquim enveredou, está para breve a sua queda. Só o Primeiro não vê (tal a sua loucura!) e o «povo», coitado, ainda está a sair da letargia, para, em breve e de cravo na mão, sair à rua exigindo liberdade.
Raia a demência a escrevinhadura de Helena Matos. O que o Pasquim não conseguiu chafurdando na vida privada de um político, a jornalista-devidamente-canudada quer fazê-lo conjecturando prosas de ficção-pouco-científica.
Neste país mais depressa acaba o Pasquim do que conseguem provar, por A+B, que houve favorecimento no caso da licenciatura de Sócrates. É preciso grandes doses de cinismo para atirar à cara de um político que o seu precurso se deve mais ao amiguismo do que ao mérito. É que é todo um país a viver nessa ambiguidade táctica e incriminar um por todos é técnica suicida. É um boomerang que bem pode decepar na volta, tanto o jornal como a colaboradora. Porque o «povo», esse, não está tão estúpido como a Helena pensa. Os tempos não voltam para trás e não estamos em 1968 ou 70.
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