Novo mínimo jornalístico
O Público mudou. Para pior, claro. Antes ainda nos deparávamos com alguma seriedade mas agora, que as vendas andam pela rua da amargura, dia-sim-dia-não saltam cá para fora meias-verdades, interpretações mentirosas, que não têm outro objectivo senão vender. Parece um vírus que anda para aí a atacar a imprensa escrita dita de «referência».
Na última página costumam sair uns quadradinhos com uns "sobes e desces" e respectivas setinhas. Hoje vinha o seguinte comentário sobre a telenovela CDS-PP:
O Conselho Nacional do CDS-PP não constituiu um momento edificante da vida partidária, com acusações e agressões que foram para além da própria reunião. Mas a contra-acusação de Hélder Amaral a Maria José Nogueira Pinto, de que estaria a acusá-lo injustamente devido à cor da sua pele, definem um novo mínimo do debate político.
Ora quem assistiu pela televisão às declarações do representante beirão do CDS, ou leu a sua transcrição (aqui, curiosamente), não pode tirar as ilações constantes no Público; nem mesmo os militantes do partido estão autorizados a fazê-lo, sob pena de caírem na pior das «políticas sujas». Hélder Amaral disse o seguinte a propósito da sua alegada agressão a Maria José Nogueira Pinto:
Se isso fosse verdade, era a pior das cobardias. Mas é demagogia da mais barata: tal como seria eu vir aqui dizer que ela me está a atacar por não ser branco como ela. Não irei por aí.
Como é fácil perceber, na declaração de Hélder Amaral não constam quaisquer acusações racistas a Maria José Nogueira Pinto; estava sim a acusá-la de demagogia quando Nogueira Pinto invocou a sua condição de mulher para reforçar a gravidade da suposta agressão. Seria, no entender de Amaral, como ele apoiar-se na sua condição de negro para se defender.
Ao afirmá-lo, Amaral usou coerentemente a sua consciência política e isso só merece o meu aplauso: misoginia e racismo não constam do léxico ideológico da sua direita, são-lhe indiferentes, invisíveis e não podem contar na luta política. Foi, de certa maneira, Maria José Nogueira Pinto quem inovou no discurso político ao trazer ao debate da direita, mesmo que off the record, a questão da violência de género.
Assim parece-me um pouco abusivo que o Público tenha publicado aquela pequena insinuação. Independentemente das cenas terceiro-mundistas no CDS-PP (que não são de todo inéditas, nem marcam nada de novo), quem me parece ter atingido um novo mínimo jornalístico foi o Jornal de José Manuel Fernandes.
Na última página costumam sair uns quadradinhos com uns "sobes e desces" e respectivas setinhas. Hoje vinha o seguinte comentário sobre a telenovela CDS-PP:
O Conselho Nacional do CDS-PP não constituiu um momento edificante da vida partidária, com acusações e agressões que foram para além da própria reunião. Mas a contra-acusação de Hélder Amaral a Maria José Nogueira Pinto, de que estaria a acusá-lo injustamente devido à cor da sua pele, definem um novo mínimo do debate político.
Ora quem assistiu pela televisão às declarações do representante beirão do CDS, ou leu a sua transcrição (aqui, curiosamente), não pode tirar as ilações constantes no Público; nem mesmo os militantes do partido estão autorizados a fazê-lo, sob pena de caírem na pior das «políticas sujas». Hélder Amaral disse o seguinte a propósito da sua alegada agressão a Maria José Nogueira Pinto:
Se isso fosse verdade, era a pior das cobardias. Mas é demagogia da mais barata: tal como seria eu vir aqui dizer que ela me está a atacar por não ser branco como ela. Não irei por aí.
Como é fácil perceber, na declaração de Hélder Amaral não constam quaisquer acusações racistas a Maria José Nogueira Pinto; estava sim a acusá-la de demagogia quando Nogueira Pinto invocou a sua condição de mulher para reforçar a gravidade da suposta agressão. Seria, no entender de Amaral, como ele apoiar-se na sua condição de negro para se defender.
Ao afirmá-lo, Amaral usou coerentemente a sua consciência política e isso só merece o meu aplauso: misoginia e racismo não constam do léxico ideológico da sua direita, são-lhe indiferentes, invisíveis e não podem contar na luta política. Foi, de certa maneira, Maria José Nogueira Pinto quem inovou no discurso político ao trazer ao debate da direita, mesmo que off the record, a questão da violência de género.
Assim parece-me um pouco abusivo que o Público tenha publicado aquela pequena insinuação. Independentemente das cenas terceiro-mundistas no CDS-PP (que não são de todo inéditas, nem marcam nada de novo), quem me parece ter atingido um novo mínimo jornalístico foi o Jornal de José Manuel Fernandes.
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