sexta-feira, março 16, 2007

A gigantesca indústria de erotismo


















Edward Norton

Fui ver este The Illusionist. Podia ter sido um bocejo do princípio ao fim. Mas uma sala de cinema é mesmo mágica.

Poucos ambientes me puxarão tanto para a reflexão como aquele espaço. Sempre estudei melhor numa esplanada de café do que em bibliotecas.

Sou um frequentador tardio de cinema; aliás um pouco como em tudo. A primeira relação afectiva, por exemplo, tive-a já com 20 e muitos. A primeira sessão de cinema aos 17. Desde então e porque, por felicidade, morei durante anos em frente de um complexo de cinemas, tornei-me não um conhecedor de cinema mas um assíduo do Avenida.

E uma das coisas que um assíduo começa inevitalvelmente a fazer é seleccionar. O dinheiro não chega para tudo e, a determinada altura, não se vai mais ver o que já se viu 1000 vezes. Refiro-me à receita americana. Rapaz pobre enamora-se de rapariga rica, rapariga rica enamora-se de rapaz pobre, relação impossível e adiada, reencontro posterior, drama aos molhos e, no final, tudo fica bem e vivem happily ever after. Explêndida fotografia, música de Phillip Glass, umas maningâncias de script, efeitos especiais, bons actores e actrizes.

Bocejo.

O que faz então uma pessoa como eu que se recusa a sair de uma sala de cinema por respeito ao seu bolso e que não tinha melhor programa para essa noite? Vê corpos/caras lindas de morrer. Como o/a de Edward Norton (no meu caso apesar da moça ser linda não lhe encontrei a mesma «graça»).

Não tivesse o filme dado uma pequena reviravolta no final, o que o tornou menos desinteressante do que à primeira vista parecia e que me devolveu por instantes ao drama, e a única coisa que recordaria desta noite seria a sensação, boa, de ter estado na cama com Edward Norton.