A bomba atómica
O Miguel enganou-se. Não é só no Norte que surgem movimentos urbano-regionalistas pelo Não à IVG. É um pouco por todo o país. Mesmo o "anti-clerical" Algarve já tem o seu movimento pela vida.
Claro que nas suas hostes podemos encontrar Luís Vilas-Boas, a quem ontem, nesse inenarrável programa da RTP que dá pelo nome de Prós e Contras, ouvi dizer alto e bom som que a biologia interessa pouco no que à adopção diz respeito. Sábias palavras, se não se soubesse que vem de uma das mais homofóbicas vozes da praça pública. É preciso é emoção e o programa e a apresentadora até estão constantemente a pedi-las, não vá vir ao de cima a mediocridade dos mesmos.
E é de emoções bacocas que vivem os sites e a propaganda pró-prisão ("Algarve pela Vida", incluído). Até agora tínhamos sido poupados à imagética fetal e das criancinhas no berço. Mas ela aí está em força e, não sei porquê, faz-me lembrar a boca de Francisco Louçã a Paulo Portas a propósito da nula produtividade deste último no que a bebés dizia respeito. É a insinuação de uma moral superior: a de que quem não tem filhos não sabe nada da VIDA, muito menos pode discutir o que está em causa neste referendo e, já agora, não tem idoneidade para discutir qualquer outro problema.
É o último reduto dos pró-prisão. A bomba-atómica que detonará, pensam, a misoginia latente na sociedade portuguesa. Um dia, talvez, ainda terão que explicar aos filhos porque utilizaram a sua imagem para continuar a humilhar as mulheres deste país. Quer vença o Sim ou o Não no referendo do dia 11 de fevereiro.
Claro que nas suas hostes podemos encontrar Luís Vilas-Boas, a quem ontem, nesse inenarrável programa da RTP que dá pelo nome de Prós e Contras, ouvi dizer alto e bom som que a biologia interessa pouco no que à adopção diz respeito. Sábias palavras, se não se soubesse que vem de uma das mais homofóbicas vozes da praça pública. É preciso é emoção e o programa e a apresentadora até estão constantemente a pedi-las, não vá vir ao de cima a mediocridade dos mesmos.
E é de emoções bacocas que vivem os sites e a propaganda pró-prisão ("Algarve pela Vida", incluído). Até agora tínhamos sido poupados à imagética fetal e das criancinhas no berço. Mas ela aí está em força e, não sei porquê, faz-me lembrar a boca de Francisco Louçã a Paulo Portas a propósito da nula produtividade deste último no que a bebés dizia respeito. É a insinuação de uma moral superior: a de que quem não tem filhos não sabe nada da VIDA, muito menos pode discutir o que está em causa neste referendo e, já agora, não tem idoneidade para discutir qualquer outro problema.
É o último reduto dos pró-prisão. A bomba-atómica que detonará, pensam, a misoginia latente na sociedade portuguesa. Um dia, talvez, ainda terão que explicar aos filhos porque utilizaram a sua imagem para continuar a humilhar as mulheres deste país. Quer vença o Sim ou o Não no referendo do dia 11 de fevereiro.
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