Da manipulação em torno dos cartoons de Maomé
Hoje, no Público, Alexandra Prado Coelho entrevista Barrie Wharton, perito em assuntos muçulmanos, em particular nas comunidades muçulmanas na Europa, do Centro de Estudos Europeus da Universidade de Limerick. Transcrevo uma passagem:
PÚBLICO: Na actual crise dos cartoons de Maomé, as reacções foram muito mais violentas fora da Europa do que entre as comunidades muçulmanas nos países europeus. Porquê?
Barrie Wharton: É verdade que houve essa diferença, mas é mais importante notar que houve reacções diferentes nos vários países europeus e nos vários países do mundo islâmico. Os media têm uma grande responsabilidade na simplificação do que se passou, em países como, por exemplo, no Irão. Neste momento há no Irão uma greve de transportes, tem havido manifestações nas ruas de Teerão muito maiores do que as dos cartoons - essa é a grande questão actualmente no Irão, mas não recebeu a mesma cobertura noticiosa. A reacção a este conflito foi muito motivada politicamente. Na Europa alguns grupos usaram isto para impor a sua agenda. E o primeiro-ministro dinamarquês tem aqui uma grande responsabilidade, porque foi eleito com base numa forte plataforma anti-imigração. A reacção foi específica da situação política de cada país, por isso temos que analisar isto de forma microscópica
PÚBLICO: Não podemos, então, falar de uma agenda política comum dos muçulmanos europeus? Mesmo que alguém de fora a quisesse impor...
Barrie Wharton: Do lado europeu houve esforços de alguma comunicação social para falar de uma "reacção muçulmana". Mas a principal característica das comunidades muçulmanas na Europa é serem plurais, heterogéneas. Numa altura em que vemos sunitas e xiitas a matar-se nas ruas de Bagdad é um pouco absurdo falar de uma posição comum na Europa. Os muçulmanos vindos do Norte de áfrica e que vivem em França têm poucas ligações com os dos países escandinavos ou os do Reino Unido. Os cartoons surgiram pela primeira vez há muitos meses e a reacção não foi espontânea, há pessoas no mundo árabe e na Europa que têm interesse em orquestrar uma resposta unificada.
PÚBLICO: Na actual crise dos cartoons de Maomé, as reacções foram muito mais violentas fora da Europa do que entre as comunidades muçulmanas nos países europeus. Porquê?
Barrie Wharton: É verdade que houve essa diferença, mas é mais importante notar que houve reacções diferentes nos vários países europeus e nos vários países do mundo islâmico. Os media têm uma grande responsabilidade na simplificação do que se passou, em países como, por exemplo, no Irão. Neste momento há no Irão uma greve de transportes, tem havido manifestações nas ruas de Teerão muito maiores do que as dos cartoons - essa é a grande questão actualmente no Irão, mas não recebeu a mesma cobertura noticiosa. A reacção a este conflito foi muito motivada politicamente. Na Europa alguns grupos usaram isto para impor a sua agenda. E o primeiro-ministro dinamarquês tem aqui uma grande responsabilidade, porque foi eleito com base numa forte plataforma anti-imigração. A reacção foi específica da situação política de cada país, por isso temos que analisar isto de forma microscópica
PÚBLICO: Não podemos, então, falar de uma agenda política comum dos muçulmanos europeus? Mesmo que alguém de fora a quisesse impor...
Barrie Wharton: Do lado europeu houve esforços de alguma comunicação social para falar de uma "reacção muçulmana". Mas a principal característica das comunidades muçulmanas na Europa é serem plurais, heterogéneas. Numa altura em que vemos sunitas e xiitas a matar-se nas ruas de Bagdad é um pouco absurdo falar de uma posição comum na Europa. Os muçulmanos vindos do Norte de áfrica e que vivem em França têm poucas ligações com os dos países escandinavos ou os do Reino Unido. Os cartoons surgiram pela primeira vez há muitos meses e a reacção não foi espontânea, há pessoas no mundo árabe e na Europa que têm interesse em orquestrar uma resposta unificada.
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