A batalha dos significados
Eu sei que o título é pomposo, pretencioso talvez, para as minhas fracas capacidades intelectuais. Mas é assim, com a idade, que na blogosfera avança como o calendário canino, perde-se toda a vergonha. Mas adiante.
Para mim, as comemorações do 25 de Abril deste ano alertaram-me, mais do que nunca, para o completo falhanço da esquerda num campo fundamental: o do significado das palavras. Não aquele que vem nos dicionários e nas enciclopédias, mas a substância, a leitura se quisermos, que essas palavras tomam quotidianamente. É esse o verdadeiro poder das palavras - ser uma arma, oh my god!, política.
A direita não andou a dormir estes anos todos. 33. E chegamos a 2007 com o facto, para mim paradoxal, de ser a direita portuguesa a discursar em prol da Liberdade. No dia dela e para o qual, desavergonhadamente, tão pouco contribuiu.
A direita deu em bem-sucedida alquimista das palavras. Abril é uma delas. Mas podia referir-me a coisas mais prosaicas como deficit, multiculturalismo e/ou cultura, feminismo, etc., etc..
A fórmula do sucesso? Repetir, repetir muitas vezes, uma mesma ideia. Mesmo que a mensagem seja falsa, mesmo que a retórica abusiva. O Godard é que a sabia toda.
E onde repetir? Ora, parece que Balsemão é que a sabia toda.
E a esquerda, que andou a fazer? Trancou a sete chaves o armário das glórias passadas. E não me estou só a referir ao PCP, que esse já não tem cura mesmo, a não ser que Putin resolva travestir-se de marxista-leninista.
A esquerda perdeu o sentido da realidade, tornou-se romântica, no pior sentido da palavra (este post tresanda a romantismo também, mas para justificações consultem o primeiro parágrafo). E quis ver em Abril apenas o dia claro e perfeito. Ora, como se sabe, dias desses não existem. E o meu 25, que é em Abril, foi um dia diverso. Encarniçado para uns, olimpicamente ignorado por outros, tenebroso para mais alguns. Ver aqui o dia claro e perfeito é pois um tontice, com tantos pés de barro que não era preciso um génio mas alguns «politraumatizados» com o poder de o redefenir como um pesadelo colectivo. O 25 afinal era outro, dizem.
O erro da esquerda foi pois limpar Abril de imperfeições, de sugidades. E não há nada mais bonito do que gostar de sujidade. Que nem só de flores e de poesia se fez Abril. Que 25 têm sido todos os dias desde esse primeiro. Que houve gente que sofreu muito, mesmo não tendo sido bufo. E por aí fora. Tudo isso foi e é Abril.
A maturidade virá quando o 25 de Abril se tornar símbolo de uma Liberdade que nos permitiu viver outros dias bons e menos bons. Até lá, Novembro caminha a passos largos para o substituir, com uma esquerda a pregar cada vez mais aos peixinhos: fascismo nunca mais.
Para mim, as comemorações do 25 de Abril deste ano alertaram-me, mais do que nunca, para o completo falhanço da esquerda num campo fundamental: o do significado das palavras. Não aquele que vem nos dicionários e nas enciclopédias, mas a substância, a leitura se quisermos, que essas palavras tomam quotidianamente. É esse o verdadeiro poder das palavras - ser uma arma, oh my god!, política.
A direita não andou a dormir estes anos todos. 33. E chegamos a 2007 com o facto, para mim paradoxal, de ser a direita portuguesa a discursar em prol da Liberdade. No dia dela e para o qual, desavergonhadamente, tão pouco contribuiu.
A direita deu em bem-sucedida alquimista das palavras. Abril é uma delas. Mas podia referir-me a coisas mais prosaicas como deficit, multiculturalismo e/ou cultura, feminismo, etc., etc..
A fórmula do sucesso? Repetir, repetir muitas vezes, uma mesma ideia. Mesmo que a mensagem seja falsa, mesmo que a retórica abusiva. O Godard é que a sabia toda.
E onde repetir? Ora, parece que Balsemão é que a sabia toda.
E a esquerda, que andou a fazer? Trancou a sete chaves o armário das glórias passadas. E não me estou só a referir ao PCP, que esse já não tem cura mesmo, a não ser que Putin resolva travestir-se de marxista-leninista.
A esquerda perdeu o sentido da realidade, tornou-se romântica, no pior sentido da palavra (este post tresanda a romantismo também, mas para justificações consultem o primeiro parágrafo). E quis ver em Abril apenas o dia claro e perfeito. Ora, como se sabe, dias desses não existem. E o meu 25, que é em Abril, foi um dia diverso. Encarniçado para uns, olimpicamente ignorado por outros, tenebroso para mais alguns. Ver aqui o dia claro e perfeito é pois um tontice, com tantos pés de barro que não era preciso um génio mas alguns «politraumatizados» com o poder de o redefenir como um pesadelo colectivo. O 25 afinal era outro, dizem.
O erro da esquerda foi pois limpar Abril de imperfeições, de sugidades. E não há nada mais bonito do que gostar de sujidade. Que nem só de flores e de poesia se fez Abril. Que 25 têm sido todos os dias desde esse primeiro. Que houve gente que sofreu muito, mesmo não tendo sido bufo. E por aí fora. Tudo isso foi e é Abril.
A maturidade virá quando o 25 de Abril se tornar símbolo de uma Liberdade que nos permitiu viver outros dias bons e menos bons. Até lá, Novembro caminha a passos largos para o substituir, com uma esquerda a pregar cada vez mais aos peixinhos: fascismo nunca mais.
<< Home