quinta-feira, abril 26, 2007

O vassalo

Hoje, no sítio do costume, lá vinha mais um artigo de um auto(?) intitulado «activista do "não"» de seu nome Pedro Vassalo.

Uma pesquisa simples no Google e percebemos imediatamente de onde lhe vem o activismo e descobrimos outras preciosidades retóricas do activista da plataforma Não Obrigada.

Desta vez, o activo senhor (será que Helena Matos se incomodou com o epíteto?), ainda descrente da derrota de 11 de Fevereiro, decide zurzir em Sua Exa. o Presidente da República a propósito da gestão deste caso e nessa coisa macabra que é fazer investigação nos restos resultantes de uma IVG. Uns pós de Holocausto e de Brecht compunham um ramalhete de fazer chorar as pedras da calçada.

Os nãozistas ainda não se conformaram com estes mecanismos que inventámos depois do 25 de abril, e que, sei lá, chamamos Democracia. Queriam que Cavaco berrasse alto e bom som (e de preferência impedisse a lei, talvez com recurso às forças armadas) o seu descontentamento com os resultados de um Tribunal Constitucional (que legitimou o acto referendário), de um acto referendário (que embora não vinculativo, deu maioria ao "sim" e legitimou a decisão política subsequente) e de uma maioria parlamentar (diga-se, de 2/3). Suponho que quando votaram em Cavaco, estavam com a vaga esperança de ter eleito um ditador ao serviço das suas nobres causas.

Mas divertido é ler este pedacinho de prosa:

O projecto do BE associado, mais uma vez, ao PS sobre a utilização de restos de abortos para investigação científica não pode espantar ninguém. Nos debates que antecederam o referendo, e lembro especialmente um Prós e Contras, essa hipótese foi levantada pelos defensores do "não". Na altura, foram naturalmente, acusados de usar um argumentário tenebroso, de imaginar um mundo de ficção que só existe em mentes turtuosas, de deitar mão a imagens fantasmagóricas e por aí fora. Pois bem, ora aí está o tal futuro de ficção que só existia na cabeça de alguns: os restos humanos, por nascer, e cujos pais nãos os querem, vão ser usados em investigação científica.

Ora, quem viu o tal Prós e Contras, a única coisa que presenciou foi um nãozista, que não recordo o nome, insinuar que havia mulheres dispostas a engravidar com vista a um abortamento lucrativo. A proposta do PS e do BE não inclui essa possibilidade, a lucrativa, e qualquer utilização abusiva é altamente sancionada (10 a 500 mil euros).

Como diria o Boss, para esta gente mais vale um abortinho no lixo do que estudado para salvar vidas, não por nascer mas bem nascidas. Para tal está disposta a mentir, como é o caso.

Admira-me é que Vassalo não tenha referido que, graças ao santo padre, as criancinhas cujas alminhas se perderam algures até às 10 semanas agora vão dormir descansadinhas num talhão celestial. É, de resto, a grande novidade teológica nesta área desde o fim da campanha. O Inferno é que vai acabar para muitas e muitas mulheres, apesar do mesmo santo padre garantir que ele está mais quente que nunca.