Olho Negro 2: Referendo à lei da PMA?
Quem visse hoje uma reportagem da SIC sobre a procriação medicamente assistida (PMA) diria que o país está neste momento a discutir o assunto. A lei da PMA tem meses e, para quem não saiba, colocou-nos na vanguarda do neo-conismo mundial: entre outras coisas modernaças, por exemplo, não foram contempladas a possibilidade de mulheres solteiras ou casais homossexuais de recorrerem a esse tratamento. Não esquecer que o próprio Bloco de Esquerda apresentou um projecto-lei que o CDS-PP, com um pouco de boa vontade, aprovaria.
O mais giro foi a jornalista ter afirmado que esta lei passou sem grande contestação e vimos, seguidamente, Maria de Belém (ex-ministra da saúde Guterres) e Mário de Sousa (médico especialista em Medicina Reprodutiva do Hospital de São João no Porto) a contrariar essa afirmação no que toca às "barrigas de aluguer". Dos outros pontos é suposto não ter havido qualquer contestação.
Porque carga de água, num momento em que o país discute o referendo sobre a IVG, a SIC passa uma reportagem, de fazer chorar as pedras da calçada, sobre a dificuldade de engravidar e os pequenos "milagres" (que não há dia em que não oiça na televisão portuguesa esta católica expressão!) que todos os dias acontecem nas clínicas de fertilidade e nos hospitais do Estado.
A técnica é sonsa, os efeitos claros. Conhecendo o substracto misógino do país, reportagens destas instigam o ódio a quem não sacrifica tudo (dinheiro, saúde) para ter um filho. O ódio às mulheres, essas desvairadas, a quem lhes passa pela cabeça abortar. Essas mulheres que, tão egoístas, nem sequer pensam no futuro da nação e na depuração do ADN luso.
Já sabemos de que lado está a SIC no que diz respeito ao referendo que terá lugar no próximo dia 11 de fevereiro.
P.S. Aqui fica o vídeo desta reportagem. Suponho que esteja acessível apenas a clientes do Batráquio ADSL.
O mais giro foi a jornalista ter afirmado que esta lei passou sem grande contestação e vimos, seguidamente, Maria de Belém (ex-ministra da saúde Guterres) e Mário de Sousa (médico especialista em Medicina Reprodutiva do Hospital de São João no Porto) a contrariar essa afirmação no que toca às "barrigas de aluguer". Dos outros pontos é suposto não ter havido qualquer contestação.
Porque carga de água, num momento em que o país discute o referendo sobre a IVG, a SIC passa uma reportagem, de fazer chorar as pedras da calçada, sobre a dificuldade de engravidar e os pequenos "milagres" (que não há dia em que não oiça na televisão portuguesa esta católica expressão!) que todos os dias acontecem nas clínicas de fertilidade e nos hospitais do Estado.
A técnica é sonsa, os efeitos claros. Conhecendo o substracto misógino do país, reportagens destas instigam o ódio a quem não sacrifica tudo (dinheiro, saúde) para ter um filho. O ódio às mulheres, essas desvairadas, a quem lhes passa pela cabeça abortar. Essas mulheres que, tão egoístas, nem sequer pensam no futuro da nação e na depuração do ADN luso.
Já sabemos de que lado está a SIC no que diz respeito ao referendo que terá lugar no próximo dia 11 de fevereiro.
P.S. Aqui fica o vídeo desta reportagem. Suponho que esteja acessível apenas a clientes do Batráquio ADSL.
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