segunda-feira, abril 30, 2007

Intrigante 2

Nem de propósito. Ivan Nunes, que esta semana linkava um post meu sobre as misteriosas chamadas que o Público resolveu fazer de um texto de Paulo Varela Gomes, escrevia hoje no P2 (não disponível) sobre a Estónia e os problemas actuais resultantes da ocupação Nazi e Russa daquele país do Báltico. Título: As sementes de violência que a Rússia deixou na Estónia.

Novamente assaltou-me a dúvida. Então e as sementes Nazis de que também fala o texto do Ivan? Cada vez me parece mais que as escolhas do Público não são parvas. O jornal quer é tomar-nos por parvos.

E José Sócrates disse fracturantes com aspas ou sem aspas?

A correiomanhanização do DN soma e segue. Desta vez pela pena de João Pedro Henriques. Reza assim: Casamentos "gay" para celebrar a República.

Do extenso Relatório da Comissão de Projectos para as Comemorações do Centenário da República, que pode ser lido aqui (em PDF), JPH centrou-se neste pequeno trecho:

- no campo das relações sociais: proceder à revisão do Código Civil em matéria de relações familiares, tendo em conta as novas realidades sociais, lançar um programa de inclusão social das comunidades imigrantes. (pág. 26 do referido Relatório)

Daqui JPH conclui pela sua própria cabecinha (tenho que ter cuidado com JHP não vá ele declarar-me também pidezinho ou bufo ou coisa que o valha) que isto se traduz «em novos direitos para os homossexuais, nomeadamente direito de se casarem pelo civil, e mesmo, por extensão, de adoptarem crianças».

Mas deixa avisos. Sócrates não está para temas «fracturantes» (disse fracturantes ou «fracturantes»? Devo andar mesmo desmemoriado, porra!) antes do fim desta legislatura, apesar deste autêntico «Programa Legislativo» (que é o Relatório proposto, entre outros, por Vital Moreira, não sei se estão... o aborto e tal!) se encaixar numa «agenda» (será Moleskin?) a propor para a próxima legislatura e que cabe na perfeição com o «timing» (oh! la! la! que modernidade no palavredo!!!) das ditas comemorações.

E mais. Sua Ex.a Le President de la République já avisou que esta coisa das «comemorações da fundação da República não devem servir de pretexto para dividir os portugueses em torno de polémicas velhas de décadas, destituídas de sentido no nosso tempo» (que giro, ainda hoje lia nesse jornal dos maus ventos ou casamentos, que os consensos são o fito de regimes pouco democráticos, para não lhe chamar totalitários). É que se querem altos patrocínios de M. Le President este acto «deve ser assinalado com alegria, tranquilidade, elevação e sentido de Estado» e nada cá do «Estado patrocinar versões oficiais ou oficiosas da História».

O texto do JPH é um exemplo claro da utilização maciça e constante nos meios de comunicação deste país de todo um jargão linguístico e retórico neo-conservador que usa palavras como «fracturante» (que mete as mais díspares questões enfiadas num mesmo buraco. A evitar, claro), «agenda» (o conjunto dessas questões), «Programa» (que remete para evitáveis premeditações e ideologias) e associações rasteiras como a que é fácil fazer com Vital Moreira, uma das pessoas mais empenhadas na despenalização da IVG. Tema «fracturantes», por supuesto.

É por textos como este (que não sei bem definir se são opinativos ou jornalísticos) que posts como este do Daniel são patéticos (no caso particular, a roçar o xenófono). Porque são textos como o de JPH que formam a correnteza do que se escreve nos jornais portugueses ou se ouve nas televisões deste país.

É que não há jornalismo isento. Mesmo se é escrito por alguém de esquerda. Isso não tem mal nenhum, como dizia e muito bem o Eduardo Pitta aqui. O mal em Portugal é a esquerda, mesmo a que se diz moderna, acreditar ainda no incorruptível «homem novo» e, por outro, a direita, apesar de não acreditar na babela, usar essa bandeira para defender a isenção e a pluralidade dos meios de comunicação, sobretudo agora que parece vir um papão dois-em-um: esquerda e Espanha, num meio de comunicação nacional. Só um cínico, de facto, vê isenção e pluralidade nos media portugueses. Apontem-me um jornal de esquerda (para além dos autênticos panfletos que são os jornais partidários) neste país?

Já agora, porque foi o texto de JPH que me fez escrever tanto. Para além de fazer «traduções» um pouco (?) forçadas, o jornalista devia ler também a apresentação do Relatório onde se diz que:

A Comissão, como tal, não tem de fazer suas as propostas individuais dos seus membros nem muito menos as dos seus interlocutores. Do que se trata, portanto, é de dar testemunho de uma reflexão a várias vozes, aberta e controversial. Incumbe ao Governo e à futura Comissão nacional das comemorações tomar as opções devidas e fazer as escolhas apropriadas. (pág. 5 do dito relatório)

Nada me agradaria mais que a República fosse comemorada com todas estas propostas e sobretudo com casamento entre pessoas do mesmo sexo (sem merdas de referendos). Mas a campanha contra já começou, de facto. Giro, giro é que espero no mesmo sítio alguma da contradita que se vai fazendo neste rectângulo.

domingo, abril 29, 2007

Quem nos guarda da guarda?


Vídeo e notícia completa aqui.


Não fosse a gravação vídeo desta verdadeira carga de porrada e os quatro mossos d'Esquadra (assim se designa a polícia da Catalunha) de Les Corts sairiam impunes do acto. Provavelmente com a versão de «uso de força adequada à situação».

E em Portugal ninguém filmou os confrontos de 25 de Abril? É que cheira-me também a «uso de força adequada à situação». Uma tradição ibérica, de resto.

M(e)NTIR

Nunca vi sigla tão apropriada a um movimento quanto esta.

sexta-feira, abril 27, 2007

A batalha dos significados

Eu sei que o título é pomposo, pretencioso talvez, para as minhas fracas capacidades intelectuais. Mas é assim, com a idade, que na blogosfera avança como o calendário canino, perde-se toda a vergonha. Mas adiante.

Para mim, as comemorações do 25 de Abril deste ano alertaram-me, mais do que nunca, para o completo falhanço da esquerda num campo fundamental: o do significado das palavras. Não aquele que vem nos dicionários e nas enciclopédias, mas a substância, a leitura se quisermos, que essas palavras tomam quotidianamente. É esse o verdadeiro poder das palavras - ser uma arma, oh my god!, política.

A direita não andou a dormir estes anos todos. 33. E chegamos a 2007 com o facto, para mim paradoxal, de ser a direita portuguesa a discursar em prol da Liberdade. No dia dela e para o qual, desavergonhadamente, tão pouco contribuiu.

A direita deu em bem-sucedida alquimista das palavras. Abril é uma delas. Mas podia referir-me a coisas mais prosaicas como deficit, multiculturalismo e/ou cultura, feminismo, etc., etc..

A fórmula do sucesso? Repetir, repetir muitas vezes, uma mesma ideia. Mesmo que a mensagem seja falsa, mesmo que a retórica abusiva. O Godard é que a sabia toda.

E onde repetir? Ora, parece que Balsemão é que a sabia toda.

E a esquerda, que andou a fazer? Trancou a sete chaves o armário das glórias passadas. E não me estou só a referir ao PCP, que esse já não tem cura mesmo, a não ser que Putin resolva travestir-se de marxista-leninista.

A esquerda perdeu o sentido da realidade, tornou-se romântica, no pior sentido da palavra (este post tresanda a romantismo também, mas para justificações consultem o primeiro parágrafo). E quis ver em Abril apenas o dia claro e perfeito. Ora, como se sabe, dias desses não existem. E o meu 25, que é em Abril, foi um dia diverso. Encarniçado para uns, olimpicamente ignorado por outros, tenebroso para mais alguns. Ver aqui o dia claro e perfeito é pois um tontice, com tantos pés de barro que não era preciso um génio mas alguns «politraumatizados» com o poder de o redefenir como um pesadelo colectivo. O 25 afinal era outro, dizem.

O erro da esquerda foi pois limpar Abril de imperfeições, de sugidades. E não há nada mais bonito do que gostar de sujidade. Que nem só de flores e de poesia se fez Abril. Que 25 têm sido todos os dias desde esse primeiro. Que houve gente que sofreu muito, mesmo não tendo sido bufo. E por aí fora. Tudo isso foi e é Abril.

A maturidade virá quando o 25 de Abril se tornar símbolo de uma Liberdade que nos permitiu viver outros dias bons e menos bons. Até lá, Novembro caminha a passos largos para o substituir, com uma esquerda a pregar cada vez mais aos peixinhos: fascismo nunca mais.

quinta-feira, abril 26, 2007

O vassalo

Hoje, no sítio do costume, lá vinha mais um artigo de um auto(?) intitulado «activista do "não"» de seu nome Pedro Vassalo.

Uma pesquisa simples no Google e percebemos imediatamente de onde lhe vem o activismo e descobrimos outras preciosidades retóricas do activista da plataforma Não Obrigada.

Desta vez, o activo senhor (será que Helena Matos se incomodou com o epíteto?), ainda descrente da derrota de 11 de Fevereiro, decide zurzir em Sua Exa. o Presidente da República a propósito da gestão deste caso e nessa coisa macabra que é fazer investigação nos restos resultantes de uma IVG. Uns pós de Holocausto e de Brecht compunham um ramalhete de fazer chorar as pedras da calçada.

Os nãozistas ainda não se conformaram com estes mecanismos que inventámos depois do 25 de abril, e que, sei lá, chamamos Democracia. Queriam que Cavaco berrasse alto e bom som (e de preferência impedisse a lei, talvez com recurso às forças armadas) o seu descontentamento com os resultados de um Tribunal Constitucional (que legitimou o acto referendário), de um acto referendário (que embora não vinculativo, deu maioria ao "sim" e legitimou a decisão política subsequente) e de uma maioria parlamentar (diga-se, de 2/3). Suponho que quando votaram em Cavaco, estavam com a vaga esperança de ter eleito um ditador ao serviço das suas nobres causas.

Mas divertido é ler este pedacinho de prosa:

O projecto do BE associado, mais uma vez, ao PS sobre a utilização de restos de abortos para investigação científica não pode espantar ninguém. Nos debates que antecederam o referendo, e lembro especialmente um Prós e Contras, essa hipótese foi levantada pelos defensores do "não". Na altura, foram naturalmente, acusados de usar um argumentário tenebroso, de imaginar um mundo de ficção que só existe em mentes turtuosas, de deitar mão a imagens fantasmagóricas e por aí fora. Pois bem, ora aí está o tal futuro de ficção que só existia na cabeça de alguns: os restos humanos, por nascer, e cujos pais nãos os querem, vão ser usados em investigação científica.

Ora, quem viu o tal Prós e Contras, a única coisa que presenciou foi um nãozista, que não recordo o nome, insinuar que havia mulheres dispostas a engravidar com vista a um abortamento lucrativo. A proposta do PS e do BE não inclui essa possibilidade, a lucrativa, e qualquer utilização abusiva é altamente sancionada (10 a 500 mil euros).

Como diria o Boss, para esta gente mais vale um abortinho no lixo do que estudado para salvar vidas, não por nascer mas bem nascidas. Para tal está disposta a mentir, como é o caso.

Admira-me é que Vassalo não tenha referido que, graças ao santo padre, as criancinhas cujas alminhas se perderam algures até às 10 semanas agora vão dormir descansadinhas num talhão celestial. É, de resto, a grande novidade teológica nesta área desde o fim da campanha. O Inferno é que vai acabar para muitas e muitas mulheres, apesar do mesmo santo padre garantir que ele está mais quente que nunca.

quarta-feira, abril 25, 2007

33 anos de 25 de Abril














Não sei se está morto, mas os sinais de debilidade de abril são muitos.

Por enquanto não precisa de ser ressuscitado, mas adivinham-se dias em que teremos que pedir desculpa por ter mandado a ditadura fascista às urtigas. E há ainda tantas coisas que abril não trouxe.

A quem possa interessar, um bom dia da liberdade e já agora: 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!

terça-feira, abril 24, 2007

Só muda a geografia














Imagem do El Pais.


A capital do México está em polvorosa por causa da proposta do Partido de la Revolución Democrática (PRD) de despenalização da IVG até às 12 semanas de gestação.

Lá, como cá, a ICAR e os seus sequazes usam todos os meios ao seu alcance para impor as suas crenças a todos. O bispo de Acapulco disse mesmo que "aquellos que colaboran para el aborto, y sobre todo los legisladores que lo aprueben automáticamente tienen esa pena de excomunión".

Depois da confirmação de Bento XVI da existência do inferno parece que o mafarrico vai ter que fazer obras de ampliação para albergar tanta gente.

Remendado a 26/04: A proposta do PRD passou com larga maioria. Viva Mexico!

Coisas que gostava de ter escrito

Haja decência!
  1. Pode pensar-se – e eu sou dos que, para além de o pensarem, o disse quando foi da sua nomeação para a Iberdrola – que há aspectos da transição de Joaquim Pina Moura do mundo da política para o mundo empresarial de que se pode e deve discordar, em nome, principalmente de duas ordens de razões: primeiro, para reduzir as proximidades espúrias entre os decisores políticos e o mundo dos negócios; segundo, porque “o pudor é o tributo que o vício paga à virtude” (Wilde).
  2. Mas daí aos coros de protestos que por andam vai um mundo de distância - onde o cinismo se cruza com um tão despudorada defesa de interesses políticos e mediáticos que só enganam quem se quiser deixar enganar ou preferir esperar que os tomemos por ingénuos angelicais – em que não alinho.
  3. Num país em que o “Compromisso Portugal” e similares se dedicam à política pura e dura, com agendas e calendários moldados à medida dos ciclos eleitorais; num país em que a circulação entre os mundos da política e da representação de interesses organizados e empresariais conhece múltiplos e relevantes exemplos; num país em que o PSD escolheu J.M. Aznar como único convidado internacional de relevo a um seu congresso em vésperas eleições, os argumentos chauvinistas e anti-espanhóis não podem ser lidos senão como convite ao sorriso.
  4. A menos que … o problema esteja em “El Pais” ser um grande jornal de referência internacional ou que seja uma maçada que possa vir a abrir-se uma brecha – e, pior ainda, se for de qualidade e de esquerda – num sector tão concentrado e politicamente tão orientado como é o da comunicação social portuguesa.
(António Dornelas, no Canhoto)

A um dia do 25 de Abril

No Jornal da Tarde da RTP deu hoje uma reportagem em que uma senhora se queixava de lhe ser humanamente impossível trabalhar 12 horas por dia. Sabe-se lá a ganhar quanto, mas suponho que devia dar para comer; via-se que ainda tinha forças para ir para o trabalho, o que deve ser um excelente sinal para a entidade empregadora que já ameaçou de despedimento colectivo caso os trabalhadores não aceitem as maravilhosas condições oferecidas pela empresa.

Vítimas do politicamente correcto










Logo agora que eu aguardava com tanta expectativa os desenvolvimentos teóricos de Pedro Arroja, por exemplo sobre o poderoso lobby gay, sai ingloriamente do Blasfémias. Pena não ter saído de cravo branco na mão. Havia ali talento.

Tanto arrojo dá nisto. Acorda-se um dia e convivemos alegre e normalmente com teorias que já deram os seus frutos.

segunda-feira, abril 23, 2007

Intrigante

Pergunto-me se Paulo Varela Gomes concordou com o tratamento que o mui isento Público e a sua revista de Decoração e Astrologia (a Pública) fez de um texto seu, saído na edição de ontem, sobre o escritor italiano Emílio Salgari?

Era mesmo título da dita revista «Salgari: ele já era politicamente correcto», do próprio jornal «Criador de Sandokan já escrevia romances politicamente correctos» e de um pequeno apanhado de introdução ao texto do ilustre historiador «Era um homem à frente do seu tempo. Já era politicamente correcto».

À primeira seríamos tentados a dizer que seriam da lavra de Varela Gomes estas frases bombásticas e pouco abonatórias em relação ao escritor italiano. Mas nada no texto, propriamente dito, nos leva a crer que tal aconteceu. Nem pelo conteúdo, nem pelo tom (é bastante simpático até). Como explicar tais títulos e interpretações?

Deveras intrigante. Sobretudo no campeão da «liberdade de expressão», do rigor e da despolitização que é o Público.

Remendado a 26/04: Tinha pensado noutros epitetos para qualificar as opções do Público, mas parva também me parece bem.

domingo, abril 22, 2007

Uma escola de pensamento
















Decorre num conceituado blogue da direita nacional (que não vou linkar, obviamente) a votação que se reproduz acima.

Não, o leitor não se enganou, está mesmo a ver bem. A única coisa que distingue os promotores desta votação dos seus antepassados é que as votações agora são manipuladas de uma maneira mais sofisticada e a retórica mais refinada. Não sei se abandonaram o velho dogma salazarista do «comedor de criancinhas», mas decerto que a escola neo-cónica americana lhes ensinou a espumar «terrorista» quando ouvem palavras como comunista e esquerda.

Já tinha visto muito abuso correlativo feito por Helena Matos, mas acho que os pupilos ultrapassaram largamente a mestre. Parabéns a tal mocidade e à progenitora.

quarta-feira, abril 18, 2007

El juicio de los jueces

O título deste post reporta para este da f., só que na sua variante espanhola. Um juiz de Valladolid optou pelo arquivamento de um processo em que uma mulher acusava o marido de maus-tratos continuados durante 16 anos. Motivo: para além de não serem evidentes os maus-tratos, uma mulher com formação superior, como era o caso, teria há muito posto termo à situação.

Sorprendente que una persona con alto nivel de formación y capacidad soporte durante los años que ella señala esos supuestos desprecios, humillaciones..., en definitiva, malos tratos psicológicos, sin poner remedio a esa situación o, en todo caso, sin acudir a un profesional (psiquiatra, psicólogo) o sin pedir algún tipo de ayuda externa (asociaciones...etc). A justificação do juiz.

Como dizia o outro, a única coisa que não tem limites é a estupidez humana.

A verdadeira edição do Público, não fossem as pressões do Governo

sábado, abril 14, 2007

Guerra de titãs










João Miranda estreia-se em grande no DN.

Eu estou mortinho para saber quem são os novos colaboradores do jornal e até aposto que lá vêm insurgentes e atlânticos que vão fazer um 31 dos diabos e disparar as vendas que é um mimo.

Digo mais. O DN vai estar para o Correio da Manhã, como a Caras está para a Maria. A maior concentração de neo-conismo por cm quadrado de papel do país. Mas será um neo-conismo refinado; que isso de dar imagens da nossa senhora como brinde fica para o segmento «analfabetos técnicos» (traget já ocupado pelo CM).

O Zé Manel que se cuide. Vai ser uma guerra de titãs.

sexta-feira, abril 13, 2007

Sarkasmo e demência

Na edição de ontem do Pasquim, Esther Mucznik defendia Sarkozy para Presidente de França e Helena Matos, no seu estilo inconfundível, comparava a fase final do regime fascista com o período que atravessa a nossa democracia. Vindo de quem vem, nenhum dos textos surpreende.

Mucznik já se percebeu, é uma ex-maoísta encantada com a agenda «politicamente incorrecta»: no seu caso particular, um misto de ultraliberalismo económico e proselitismo religioso. Talvez se foda, ela mais a comunidade judaica, quando um dia a «amiga França», essa que ainda hoje convive mal com o passado colaboracionista com o regime nazi, lhe diga que não é desejada no país da «liberdade» e que se quer melhorar de vida mais vale procurá-la na sua terra (isto, se ainda a tiver na altura). Nem falo noutras «soluções», porque isso já era especular em demasia.

O texto de Helena Matos é um wishful thinking. A jornalista (suponho que tem canudo, apesar de em 10 anos nunca lhe ter visto uma peça de tal teor) ainda não percebeu que, cada vez mais, essa de atirar com o Salazar às trombas dos leitores já cola pouco, tanto mais que, desde que ganhou um concurso público, ser comparado com o obreiro da pátria até pode ser encarado como um elogio.

Mas voltando ao wishful thinking. Ela gostaria de acreditar (e assim, fazer-nos acreditar) que o primeiro-ministro está numa desgraça tal que, desta cruzada pela liberdade de informar que o insuspeito Pasquim enveredou, está para breve a sua queda. Só o Primeiro não vê (tal a sua loucura!) e o «povo», coitado, ainda está a sair da letargia, para, em breve e de cravo na mão, sair à rua exigindo liberdade.

Raia a demência a escrevinhadura de Helena Matos. O que o Pasquim não conseguiu chafurdando na vida privada de um político, a jornalista-devidamente-canudada quer fazê-lo conjecturando prosas de ficção-pouco-científica.

Neste país mais depressa acaba o Pasquim do que conseguem provar, por A+B, que houve favorecimento no caso da licenciatura de Sócrates. É preciso grandes doses de cinismo para atirar à cara de um político que o seu precurso se deve mais ao amiguismo do que ao mérito. É que é todo um país a viver nessa ambiguidade táctica e incriminar um por todos é técnica suicida. É um boomerang que bem pode decepar na volta, tanto o jornal como a colaboradora. Porque o «povo», esse, não está tão estúpido como a Helena pensa. Os tempos não voltam para trás e não estamos em 1968 ou 70.

quarta-feira, abril 11, 2007

Nódoa


















Na foto o famoso vestido que ia destituindo um presidente dos EUA.

Não há por aí uma «nodoazinha» para a gente acabar com José Sócrates? É que isto assim está muito sério. Ao menos que tenha sexo e padres e essas merdas. Sempre era mais divertido do que constatar a ineficiente e deprimente máquina burocrática nacional e o esgoto que é a imprensa nacional.