quarta-feira, janeiro 31, 2007

Na cama, com a Alexandra Teté

Via renaseveados cheguei a este debate. Essencial. É chocante ver alguém defender a gestação de um filho em qualquer circunstância e afirmar que não cabe à mulher decidir, em circunstância alguma, o que é melhor para si.

Com o Não, quem continuará a mandar nas consciências deste país são as Tetés e os polícias (à paisana ou não).

Já agora os meus parabéns à Inês Pedrosa e ao Miguel Vale de Almeida.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Homofobia prêt-à-portez















Via DosManzanas cheguei a esta notícia que dá conta de uma campanha homofóbica promovida pelos responsáveis da loja on-line do Olympique de Marseille. Um dos visados pela campanha é o Paris Saint-Germain que tem promovido várias iniciativas anti-homofóbicas em colaboração com o primeiro clube de futebol gay de França, o Paris Foot Gay.

Apesar de terem sido retiradas de circulação as T-Shirts e Sweatshirts que visavam o Paris Saint-Germain ou o Canal+, ainda se podem encontrar com abundância materiais com grunhidos do tipo "Materazzi va fanculo".

Lamentável

A emissora católica Rádio Renascença lamentou hoje ser obrigada a passar o tempo de antena no referendo sobre o aborto, por considerar que as rádios privadas deveriam ficar de fora desta imposição legal.

Lamentável não é que um órgão de comunicação social tome posição oficial sobre esta matéria. Lamentável é achar que é uma obrigação ter uma atitude democrática.

The f word

O argumento utilizado por um "jovem" do NÃO no debate da RTP foi muitíssimo esclarecedor da vontade geral do movimento pró-prisão: não queremos despenalizar a IVG porque assim as mulheres não vão estar atemorizadas quando lhes passar pela cabeça abortar.

Para além do facto do país continuar a produzir atrasados mentais, alguém me consegue ajudar a classificar que género de ideologia se esconde por trás destas palavras?

A frase do dia

Mas sôtor, lá está outra vez a voltar aos argumentos jurídicos!

Interpelação de Fátima Campos Ferreira a Vital Moreira na nojeira desta semana dedicada ao tema que vai a referendo dia 11 de fevereiro.

É caso para perguntar à apresentadora como é que conseguiu conduzir um programa em que a única coisa que estava em debate era do foro jurídico?

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Santos castigos

















«A madre superiora, Amélia Aguiar, nega a existência de maus-tratos às menores e prefere falar em castigos. "Aplicamos os mesmos castigos que os pais aplicam aos filhos". Quando se lhe pergunta que tipo de castigos são, responde, sem conseguir esconder o nervosíssimo: "Não comento". E lá vai dizendo ao DN que sempre que recebeu queixas das menores, "tomei a decisão própria". »

Não sei se a madre superiora está ao corrente de que os castigos inflingidos por alguns pais aos seus rebentos podem ir de uma "inocente" estalada, passando por queimaduras com pontas de cigarro, até à violação e morte.

Eu, no caso da irmã Amélia, nem ficava nervoso. A hierarquia católica está sempre pronta a abafar este género de casos. Então em Portugal não tem mesmo com o que preocupar-se.

E tu que história tens para contar?

Acho importantíssimo o testemunho de casos como o que a Fernanda relata no DN de hoje. A discussão ganha uma profundidade a que os defensores do Não, ou outros talibans da "vida intra-uterina", jamais poderão chegar. Nenhum feto abortado regressou do além para nos contar a história. Que eu saiba.

A minha história não é sobre uma IVG. É sobre uma Interrupção Involuntária da Gravidez. De facto, a sua protagonista não queria abortar. Simplesmente, aos três meses de gestação, o feto morreu. Soube-o através de uma consulta de rotina ao médico que acompanhava a sua gravidez.

Foi encaminhada para o hospital distrital a fim de remover o feto. Um outro médico aconselho-a a tomar uma medicação e esperar. Duas semanas seria o tempo máximo ao fim do qual, se o feto não saísse por si, deveria voltar ao hospital para serem tomadas outras providências.

Se a situação já era de si devastadora, o simples facto de carregar mais um tempo um feto morto, infelizmente já visível do exterior, complicou ainda mais as coisas. Para infortúnio seu, e apesar de sangrar bastante, o feto não saiu mesmo.

Novamente no hospital foi-lhe efectuada uma raspagem sem qualquer prepação física (quanto mais psicológica), a chamada raspagem a sangue-frio, da qual resultou um útero destroçado e uma saúde mental em fanicos. A do companheiro incluído.

Passaram-se já quase dois anos deste essa altura e embora as consultas num caríssimo especialista de Lisboa tenham sarado as feridas uterinas, as psicológicas permanecem e permanecerão para toda a vida.

Tirem as vossas conclusões. Mas é também para mudar este género de coisas que devemos fazer campanhas, defender causas e oferecer soluções às pessoas. A lei actual fere, humilha e mata pessoas de verdade.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Vatican TV




Não perca hoje mais uma grande entrevista na televisão oficial do Vaticano.

Reino Unido diz NÃO à ICAR














© Steve Bell 2007

O Governo de Blair respondeu negativamente à chantagem homofóbica da ICAR. Isso enquanto que em Portugal continuam a chegar-nos notícias de abusos sobre menores à guarda de instituições católicas. A impunidade e a inimputabilidade da ICAR em Portugal não têm limites.

RTP Famílias Numerosas




Há dias uma leitora dizia-se perplexa com a minha análise a uma peça jornalística apresentada pela SIC sobre Procriação Medicamente Assistida (PMA). E encontro razões para que ela, e muitas outras pessoas que lessem o meu texto, se sentissem igualmente perplexas. Praticamente não existe em Portugal sentido crítico, existe um sentido censório (que todos sabemos de onde vem) e que, claro, é mais sentimental que argumentativo. Contra isso não há nada a fazer. Não há nada a argumentar, porque o que o coração sente, a razão ou o pensamento não podem desmentir. Todos nos enternecemos com o riso ou o choro de uma criança de meses. Para não falar de imagens de fetos que passam por crianças.

É por isso que é quase inútil combater a falta de sentido crítico em Portugal. A generalidade das pessoas não têm instrumentos que lhes permitam ler notícias e formar um pensamento distante daquele que o quadro cultural estabelece. Não em vão cada vez mais gente se opõe ao ensino público e à sua obrigatoriedade. Não em vão as telenovelas ocupam os espaços televisivos que deveriam ser ocupados com programas de transmissão de conhecimento e de desafio à mente.

A RTP, e os media em geral, sabem disso. Nada de mal viria ao mundo se isso fosse ainda mais transparente. A de que a actividade jornalística é uma actividade interpretativa. Infelizmente, ao contrário da vizinha Espanha por exemplo, em Portugal as coisas passam-se como se houvesse uma suposta verdade superior. Um suposto lado isento. E tudo passa com a maior das canduras e das inocências, porque o que lá vem escrito ou dito só pode ser a "verdade". Combatê-la é, não só, um exercício inútil como perigoso. É-se doido varrido porque se viu o que mais ninguém viu.

Todo este paleio a propósito de mais uma lavagem de cérebro no Jornal da Tarde da RTP. De hoje claro. Duas notícias sobre o referendo (que continua, sabe-se lá porquê, a ser ao aborto). Antecedido por uma chamada de atenção sobre um novo instrumento, apresentado pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), que «permitirá qualquer pessoa ou entidade efectuar as suas projecções demográficas, com uma enorme riqueza de dados».

Depois das duas peças sobre o referendo, uma das quais sobre a enorme «diferença que separa o número de visitas ao vídeo do "Professor" e ao de Francisco Louçã», eis a bomba: a APFN propõe um cenário demográfico catastrófico para o Portugal de 2050. Criancinhas, maternidades, choro aqui e beicinho acolá. Tudo já bem longe da violência sobre crianças por parte de membros de uma instituição católica de acolhimento a «meninas» com que o Jornal abriu.

Pergunto-me a mim mesmo o que achará a minha leitora disto tudo. O mais certo é dizer-me que sou uma vergonha para o SIM no referendo e que não há mal nenhum em emocionar-se com os nascimentos e com o apelo à natalidade. Que não há quaisquer intenções de apelo ao Não. Que elas só estão na cabeça de uma pessoa transtornada. E o mais certo é o provedor da RTP achar exactamente a mesma coisa.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Uma ajudinha para a RTP




Aqui ficam algumas informações úteis para a RTP. Existem em Portugal 3 arquidioceses, 20 dioceses, 4363 paróquias, 3588 padres, 170 diáconos, 31 bispos e auxiliares e 38 institutos religiosos. Espero que até dia 11 de fevereiro seja suficiente para a cobertura noticiosa ao referendo sobre a IVG.

terça-feira, janeiro 23, 2007

A bomba atómica

O Miguel enganou-se. Não é só no Norte que surgem movimentos urbano-regionalistas pelo Não à IVG. É um pouco por todo o país. Mesmo o "anti-clerical" Algarve já tem o seu movimento pela vida.

Claro que nas suas hostes podemos encontrar Luís Vilas-Boas, a quem ontem, nesse inenarrável programa da RTP que dá pelo nome de Prós e Contras, ouvi dizer alto e bom som que a biologia interessa pouco no que à adopção diz respeito. Sábias palavras, se não se soubesse que vem de uma das mais homofóbicas vozes da praça pública. É preciso é emoção e o programa e a apresentadora até estão constantemente a pedi-las, não vá vir ao de cima a mediocridade dos mesmos.

E é de emoções bacocas que vivem os sites e a propaganda pró-prisão ("Algarve pela Vida", incluído). Até agora tínhamos sido poupados à imagética fetal e das criancinhas no berço. Mas ela aí está em força e, não sei porquê, faz-me lembrar a boca de Francisco Louçã a Paulo Portas a propósito da nula produtividade deste último no que a bebés dizia respeito. É a insinuação de uma moral superior: a de que quem não tem filhos não sabe nada da VIDA, muito menos pode discutir o que está em causa neste referendo e, já agora, não tem idoneidade para discutir qualquer outro problema.

É o último reduto dos pró-prisão. A bomba-atómica que detonará, pensam, a misoginia latente na sociedade portuguesa. Um dia, talvez, ainda terão que explicar aos filhos porque utilizaram a sua imagem para continuar a humilhar as mulheres deste país. Quer vença o Sim ou o Não no referendo do dia 11 de fevereiro.

A chantagista

Não é só em Portugal que a ICAR acha que se deve intrometer em assuntos que não lhe dizem respeito, querendo impor a todos aquilo que são as suas crenças medievais. Também em Inglaterra a católica instituição acha-se no direito de chantagear o Governo porque não está de acordo com a política que permite a adopção a casais do mesmo sexo.

Diga-se de passagem que a culpa de tudo isto é dos próprios governos que continuam a subsidiar instituições ligadas a confissões religiosas, cujas funções deveriam ser asseguradas pelo Estado ou, quanto muito, por instituições privadas independentes e laicas.

As consequências podem ser catastróficas, como se viu aqui em Portugal no caso da Gisberta. Nas mãos de fanáticos religiosos, por natureza machistas e homofóbicos, estão milhares de crianças que podem ficar sem um tecto porque esta gente não respeita nem a democracia, nem a soberania dos Governos, nem as suas leis.

O Parlamento dinamarquês e uma manifestação pró-nazi

Caro Eduardo Pitta, comparar uma instituição parlamentar de um país membro de União Europeia com uma manifestação pró-prisão que incluía membros da extrema-direita francesa é, desculpe que lhe diga, um atentado à inteligência dos seus leitores. Ambos são as duas faces da mesma moeda? Ambos fazem apelos sectários?

É por estas e por outras que entendo que o projecto europeu está moribundo. Portugal não é o Irão, nem o Parlamento dinamarquês um jornal que usa a sua agenda xenófoba para criar um clima de confrontação entre uma Europa hipócrita e um país médio-asiático dominado por fanáticos.

Portugal faz parte da União Europeia, tal como a Dinamarca, e a aproximação entre países, neste já vasto conjuto de nações que é a UE, deve ser no sentido do aprofundamento dos direitos de todos, incluindo os das minorias (sejam elas quais forem), e da luta contra as desigualdades.

Parece-me também isso o que está em causa neste referendo. A liberdade e a luta pela igualdade entre homens e mulheres. Que venha um país com longa tradição democrática (através de uma das suas instituições mais importantes) apelar ao Sim só pode ser positivo. Não sectário, mas politicamente comprometido com o progresso da Humanidade.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

O Bispo e o feto

Hoje, numa das duas notícias que o Jornal da Tarde da RTP resolveu dar sobre o referendo (ambas sobre o Não), o Bispo da Guarda dizia que o que estava em causa era a "pena capital". A IVG é isso: a "pena capital".

Foi mais longe e inquiriu a audiência que o acompanhava se achava que na liberdade de escolha cabia a alguém o direito de matar outrém, sendo que esse outrém poderia ser ele, o próprio Bispo da Guarda.

A comparação até foi bem colocada: entre um feto de 10 semanas e o Bispo da Guarda não vejo qual seja a diferença. Muito menos do ponto de vista do desenvolvimento intelectual.

Dia Não é quando os media quiserem

Nos jornais que costumo ler aqui vão as notícias de hoje sobre o referendo:

No Diário de Notícias:
«O aborto, a angústia e os direitos», sobre o Não
«Vila Verde continua a dizer Não», sobre o Não
«"Diz que não", liga-se à Ajuda de Berço», sobre o Não

No Público:
«Jerónimo de Sousa apela ao voto no "sim" contra "lei injusta e desumana"», sobre o Sim
«Movimentos pelo "não" organizam "caminhada pela vida" em Lisboa», sobre o Não

No Jornal de Notícias:
«Para a Esquerda, há mais em causa para além do aborto», sobre o Sim
«Caminhada pela dignidade da mulher», sobre o Sim
«Defensores do “não” ao aborto anunciam “caminhada pela vida”», sobre o Não
«À Direita faz-se as contas», sobre o Não
«Igreja promove peregrinação pelo "não"», sobre o Não
«Padre ameaça com excomunhão», sobre o Não

A compôr este ramalhete, o Telejornal da tarde RTP passou duas reportagens sobre o Não e zero sobre o Sim. E isso que não vi nem a SIC, nem a TVI, nem o pasquim da paróquia que dá pelo nome de Correio da Manhã.

Da bondade do "povo"

Há no caso da Esmeralda qualquer coisa que me deixa com um bichinho atrás da orelha. Tenho sempre as maiores dúvidas sobre a bondade do "povo", o que querem que faça. E não tem a ver com o facto de eu estar de acordo com a sentença de prisão decretada ao pai adoptivo. Não, é óbvio que não estou.

Mas... E se o pai adoptivo fosse solteiro? Ou se o pai vivesse com outro... pai? O povo reclamaria da mesma forma? A criança ainda estava no direito de permanecer com o pai que a tinha criado até aos 5 anos?

Pedro Arroja existe?

Pelo contrário, o Governo deveria ter feito prova da sabedoria daquela instituição que é a sua grande opositora neste debate - a Igreja Católica a qual, possuindo embora uma posição sobre o assunto, decidiu não se envolver oficialmente na campanha.

Pedro Arroja, in Blasfémias. Às vezes duvido que este senhor exista.

Grandes bestas portuguesas

Um jovem madeirense de 18 anos liga para o programa «Grandes Portugueses - Debate» da RTP e afirma ter votado em António Oliveira Salazar. Diz que gosta muito de história. Diz ainda que no tempo de Salazar o país estava economicamente melhor que agora.

«Quando foi ministro das finanças ou como Presidente do Conselho», pergunta a apresentadora: quando foi ministro das finanças. Silêncio na sala, para não atrapalhar a cabecinha do rapaz. «Então e o que acha do facto de Salazar não ter permitido haver eleições, da miséria do país, da guerra colonial e da consequente morte de muitos jovens como você?», pergunta Maria Elisa ao tenro madeirense: Pois, não acho bem, mas a droga, a droga não havia nesse tempo e há muitas coisas que estavam melhor na altura.

Ouve-se, claro, e vomita-se a seguir. Parece que no atlântico jardim as novidades revisionistas implantam-se com alguma facilidade. Porque será? A história recente do país já vem assim descrita nos manuais do Secundário? Ou é do ar que se respira naquelas bandas?

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Maya das Neves

Já tinha saudades do homem. Nem por recreação o lia ultimamente, mas João César das Neves está sempre na crista da onda e não nos desilude novamente.

Desta vez o catolissíssimo economista diz que "muitos médicos que aleguem objecção da consciência para não realizar a intervenção serão prejudicados". Como chegou a esta conclusão: pensando. Imagine-se.

Esta, e outras pérolas de desinformação, pode ser lida aqui. O conhecido homófobo compara desta vez uma nova lei da IVG, que despenalize o aborto até às 10 semanas, a um qualquer produto de mercado: explode e depois estabiliza. Nem mais nem menos do que comprar um telemóvel. A plataforma "Não Obrigada" aproveitou estes doutos e reflectidos pensamentos para lançar um novo slogan: "Contribuir com o meu voto para aumentar o número de abortos?".

Eu digo mais, não só explodirá o número de abortos, como tenho a certeza de daqui em diante as mulheres engravidarão de propósito e abortarão maciçamente, numa espécie de orgias clínicas, a contento das previsões de César das Neves e dos defensores do Não.

E a Maya não tem aí umas previsões porreiras?

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Sara

Tinha a sua piada. Nascer a minha sobrinha no dia 11 de fevereiro. Para a malta do NÃO, um paradoxo. Para mim, que voto SIM, o símbolo de que uma criança deve nascer da vontade. Da mãe, do pai e do Hospital de Santa Maria que a "fabricou".

Nascerá com o nome dessa bíblica personagem que pariu aos 90 anos. Se ela chegar a essa idade talvez seja possível fazê-lo, não à custa de milagres e outras patranhas mal contadas, e sim de tecnologias similares às que possibilitaram que ela viesse a este estranho mundo.

Desejo sobretudo que seja dona de si. Mulher por inteiro.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Não sei o que chame a isto. Pouca vergonha, talvez.

"Não são voos da CIA, são voos militares”, sublinhou, confirmando que esses sete voos constam dos registos do ministério dos Negócios Estrangeiros.

Luís Amado acrescentou ainda que, havendo uma autorização genérica, “não cabe ao Estado português pôr em causa a boa-fé da gestão desses voos".

Declarações de Luís Amado, Ministro dos Negócios Estranjeiros.

Só faltam as alianças








Adorei a última publicidade da malta do cilício. Só faltam mesmo as alianças e seria a campanha perfeita para o casamento civil para todos.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Nip/Tuck 2

Aqui vai uma traila para entusiasmar.

Nip/Tuck 1


















Ligo-me à TVI para ver o Dr. House e vejo a estreia de Nip/Tuck. É só para avisar que Julian McMahon (na imagem) é só o homem mais bonito jamais filmado.

Claro que tem direito a bolinha vermelha. O privilégio das caralhadas sem bolinha vermelha está reservada para "estrelas" do firmamento nacional, como Miguel Esteves Cardoso.

Mas divirtam-se e aproveitem enquanto a TVI não manda a série dar uma curva.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Nojo

Ainda não tinha dito, mas este programa é absolutamente nojento. Mais do mesmo, com os mesmos intervenientes de sempre. Uma apresentadora que mais parece uma educadora infantil, mas das más. Propaganda descarada ao Governo. Nojento.

Pérolas da "Enciclopédia Católica Popular"

homossexualidade
Atracção erótica por indivíduos do próprio sexo. Pode ser episódica (sobretudo na puberdade e na adolescência, em con­tex­tos de educação unissexual), preponderante (coin­cidindo com hete­ros­sexualidade) ou per­manente. Hoje, considera-se como desvio funcio­nal ainda não totalmente explicado. A Igreja acolhe com delica­deza e pru­dência as pessoas homos­sexuais (homens ou mulheres), pro­curando ajudá-las a vencer as suas ten­dências desviantes, pela prática da cas­ti­da­de e por tratamentos adequados. Mas, por motivos prudenciais, não acei­ta candidatos homossexuais ao sacramento da Ordem. Quanto aos actos homossexuais (sodomia, lesbianismo), que radicam no vício capital da *lu­xú­ria, a Bíblia e a tra­dição cristã conside­ram-nos intrinsecamente depravados e desordenados, especialmente quando in­cidem sobre crian­ças (*pederastia e *pedofilia). (Cf. Cat. 2357-2359).

sodomia
(Nome derivado de Sodoma). Delito aberrante contra a natureza, comi-­nado com penas muito duras no antigo CDC (2357-2358) e que, embora não figurando no novo CDC, continua a ser pecado muito grave contra a virtude da castidade, quer nas relações homosse­xuais quer nas heterossexuais.

Andei à procura da definição de homofobia, mas não encontrei. O edit e bold são meus. Retirado da "Enciclopédia Católica Popular" de Manuel Franco Falcão, sem a autorização das Paulinas.

domingo, janeiro 14, 2007

Olho Negro 2: Referendo à lei da PMA?

Quem visse hoje uma reportagem da SIC sobre a procriação medicamente assistida (PMA) diria que o país está neste momento a discutir o assunto. A lei da PMA tem meses e, para quem não saiba, colocou-nos na vanguarda do neo-conismo mundial: entre outras coisas modernaças, por exemplo, não foram contempladas a possibilidade de mulheres solteiras ou casais homossexuais de recorrerem a esse tratamento. Não esquecer que o próprio Bloco de Esquerda apresentou um projecto-lei que o CDS-PP, com um pouco de boa vontade, aprovaria.

O mais giro foi a jornalista ter afirmado que esta lei passou sem grande contestação e vimos, seguidamente, Maria de Belém (ex-ministra da saúde Guterres) e Mário de Sousa (médico especialista em Medicina Reprodutiva do Hospital de São João no Porto) a contrariar essa afirmação no que toca às "barrigas de aluguer". Dos outros pontos é suposto não ter havido qualquer contestação.

Porque carga de água, num momento em que o país discute o referendo sobre a IVG, a SIC passa uma reportagem, de fazer chorar as pedras da calçada, sobre a dificuldade de engravidar e os pequenos "milagres" (que não há dia em que não oiça na televisão portuguesa esta católica expressão!) que todos os dias acontecem nas clínicas de fertilidade e nos hospitais do Estado.

A técnica é sonsa, os efeitos claros. Conhecendo o substracto misógino do país, reportagens destas instigam o ódio a quem não sacrifica tudo (dinheiro, saúde) para ter um filho. O ódio às mulheres, essas desvairadas, a quem lhes passa pela cabeça abortar. Essas mulheres que, tão egoístas, nem sequer pensam no futuro da nação e na depuração do ADN luso.

Já sabemos de que lado está a SIC no que diz respeito ao referendo que terá lugar no próximo dia 11 de fevereiro.

P.S. Aqui fica o vídeo desta reportagem. Suponho que esteja acessível apenas a clientes do Batráquio ADSL.

sábado, janeiro 13, 2007

Os novos feminismos


















"Épica erótica balcânica. Mulher com caveira", (tradução livre a partir do castelhano) Marina Abramovic, 2005

O elpais de hoje traz um dossier sobre os novos feminismos ao qual que vale a pena dar uma olhadela (enquanto estiver disponível on-line).

Entrevista com a artista sérvia Marina Abramovic, pioneira da performance.

Entrevista com a escritora francesa Virginie Despentes. Aqui fica um extracto:

P. Para usted la femineidad es una forma de servilismo, un puterío. Una mujer sumisa es una mujer sin rostro, ¿por dónde empieza la revolución?
R. Convertirse en lesbiana sería un buen comienzo.


Mujeres en los márgenes, de Beatriz Preciado, que precorre a historia dos feminismos dentro e fora de Espanha e que acaba assim:

Este nuevo feminismo posporno, punk y transcultural nos enseña que la mejor protección contra la violencia de género no es la prohibición de la prostitución sino la toma del poder económico y político de las mujeres y de las minorías migrantes. Del mismo modo, el mejor antídoto contra la pornografía dominante no es la censura, sino la producción de representaciones alternativas de la sexualidad, hechas desde miradas divergentes de la mirada normativa. Así, el objetivo de estos proyectos feministas no sería tanto liberar a las mujeres o conseguir su igualdad legal como desmantelar los dispositivos políticos que producen las diferencias de clase, de raza, de género y de sexualidad haciendo así del feminismo una plataforma artística y política de invención de un futuro común.

E uma compilação básica de textos sobre "feminismo pós-porno, queer e pós colonial".

Quem quiser saber mais vá aqui ao blogue de João Oliveira.

P.S. Obrigado João pela crítica aos textos do diário espanhol. É um privilégio ter feed-back de um especialista na área. Eu vi a referência à Paglia, mas é um mal menor tendo em conta o grosso do dossier. Acho eu, que pouco entendo sobre a matéria.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Era preciso tanto paleio?

Aqui o Gabriel vai votar não. Assiste-lhe em democracia esse direito, claro. Só não percebo é o porquê de tanta conversa de chacha (by the way, defina-me "momento de concessão" que não percebi nada). Bastava ter escrito o último parágrafo.

Finalmente, e se persistir alguma dúvida, se defendo que ao acto abortivo, quando voluntário e em caso de condenação, deva corresponder a previsão de uma pena de prisão nos termos actuais do Código Penal, a minha resposta é sim.

Couves e Blasfémias

O João Miranda arrisca-se um dia destes a ser considerado a ser a Margarida Rebelo Pinto (Trade Mark) da blogosfera. E não é só por responder pavlovianamente a tudo o que seja problema deste país com a necessidade de acabar com o Estado (excepto claro, com a PSP ou a GNR).

Trata-se de uma questão de português. Em dois posts seguidos repete a expressão "como se sabe". Eu não tenho paciência para análises gramaticais (para mais escrevo mal). E é nestas ocasiões que me pergunto: onde caralhos se meteu o João Pedro George quando mais precisamos dele?

Olho Negro 1: La Noche Hache

Como estou numa de You Tube, aqui vos deixo também uma treila do meu programa de televisão preferido em toda a Península Ibérica - La Noche Hache - com a genial Vera Hache, a equivalente do Jon Steward em Espanha. É que avacalhar por avacalhar prefiro mesmo que seja com gente que perceba alguma coisa do que é Espanha e com um extra: têm piada.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Para eu ficar triste...

Caragos JPH, sei que o meu post não foi dos mais felizes, mas destruir assim a imaginação de um rapaz cheio de boas intenções como eu...

Homens, tenham medo... muito medo!

E porque essa questão tem surgido com bastante frequência, importa dizer que caso o Sim ganhe, a opção do aborto livre é única e exclusiva das mulheres. Quer sejam casados, divorciados, unidos de facto, etc., com a liberalização do aborto até às 10 semanas, a opinião do pai quanto à gravidez passa a ser legalmente indiferente. Ou seja, qualquer que seja a razão que esteja na base da decisão de abortar (sejam as extremas dificuldades económicas, sejam os motivos mais egoístas), a verdade é que a mulher o poderá fazer livremente mesmo contra a expressa vontade do pai. É também isto que vamos votar no dia 11/02.

Rui Castro, in Blogue do Não. Se o "sim" ganhar eu sugiro aos pró-prisão que proponham um novo decreto-lei que legalize a violência doméstica.

Barrack, for President! If not, Jon!

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Apostasia

Aqui vai um video sobre esta temática.

Prontos, usem lá a porra dos preservativos e dos Cicotecs, mas abortar é que não, suas depravadas!

Referendo: Sim ou Não? é o título de um texto do Cardeal Patriarca de Lisboa, do dia 7 de Janeiro, e que o DN de ontem deu conta nesta notícia.

O senhor Cardeal desmonta com bravura e, claro, com a toda a misoginia que caracteriza a ICAR (como classificá-la? ingénua? natural? intrínseca?), todos os objectivos em que os partidários do "sim" se apoiam (despenalizar, direito a decidir, fazer o país constar na lista dos países desenvolvidos, etc). Diz que esses objectivos têm imensas fragilidades, salvo "[o] que se afirma com a crueza da realidade [que] é o drama do aborto clandestino do qual, como ficou dito, não se conhecem as fronteiras da realidade".

A pérola vem a meio do texto:
"O cruzamento dos métodos anti-conceptivos com os métodos abortivos e as soluções químicas para a interrupção da gravidez fizeram diminuir a realidade do aborto de “vão de escada”". Para quem o aborto clandestino é uma preocupação e uma realidade da qual se desconhecem a fronteiras (é claro que este estudo [atenção, é um PDF] não interessa para nada) é uma novidade enorme, por parte da ICAR, reconhecer que os anti-concepcionais e os Cicotecs estão aí para quem quiser usá-los. A menos que o Cardeal se estivesse a referir à abstinência e ao Xanax, mas ele sabe que nem uma criancinha suponha isso.

Talvez, em desespero de causa, para além das imagens de fetos com 30 semanas e estudos sobre os brutais lucros das empresas abortadeiras espanholas, este referendo ainda traga uma lufada de ar fresco ao discurso do "não" por parte das católicas cabeças. Ainda vou ver o Cardeal Patriarca de Lisboa a oferecer preservativos e pílulas-do-dia-seguinte nas missas dominicais.

terça-feira, janeiro 09, 2007

O evangelho segundo São Bush, 1

O que cabe perguntar, em primeiro lugar, é se o Parlamento Europeu tem o direito de se imiscuir em questões como esta. Em segundo lugar convém que nos perguntemos também quais são as alternativas a estes voos.
Seria melhor que os detidos de Guantanamo estivessem em liberdade? Ou que estando detidos não tivessem ido para Guantanamo? Não sei, sobretudo se a alternativa fosse ficarem entregues às forças policiais da Jordânia, Egipto, Arábia Saudita... Em resumo não só acho que a CIA efectuou voos com destino a Guantanamo, voos esses em que transportou presos, como não vejo muitos países disponíveis para acolherem esses presos e julgá-los ou tratá-los como prisioneiros de guerra. (Helena Matos, no Blasfémias, where else?).

Assim como quem não quer a coisa, valeria a pena perguntar em primeiro lugar, talvez a Helena por pura distração não tenha notado, se conhece muitos países que invadam outros a bel prazer. E já agora se tem a noção de que, antes de mais, os E.U.A. são (ou costumavam ser) um farol da democracia e dos direitos do homem.

Entretanto continuo à espera dessa grande tese que vai revolucionar a maneira como olhamos o mundo e as relações entre Estado e Religião. Provavelmente, Pedro Arroja irá concluir que a Idade Média é que está a dar (não foi o mesmo que disse que a escravatura até era um sistema porreiro?). Não se esqueça da Santa Inquisição, essa nobre instituição. A sua tese terá, concerteza, um enorme potencial para se tornar óbvia. Schopenhauer só não previu que o que é óbvio também é, muitas vezes, confrangedoramente ridículo.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Da sintomatologia de um suicida

Ó homem, custa ler sempre a mesma ladainha. É que porra, já não há pachorra para escritos como "tenho a vida sexual de um molho de bróculos". Se nenhuma "gaja boa" se aproximou de si por pena tome lá a taça. Dizem que muita gente se tem dado bem. Alguns até mudaram de estado civil.

P.S. Qualquer dia mordo a língua e morro.

Novas linkagens

Creio que com este post não ponho em causa o pedido do Luís. Assim como assim, os 2 ou três leitores deste blogue foram leitores d'o franco atirador e sê-lo-ão concerteza d'a vida breve, ao qual desejo, naturalmente, uma vida longa. Pena é que numa altura de necessária reactividade, o Luís tenha escolhido pôr as pantufas.

O outro link acrescentado foi o und3rblog. O Nélio teve a amabilidade de me linkar e eu retribuo em dose dupla; aqui fica também o link para uma petição que soube através dele.

sábado, janeiro 06, 2007

As contas que ninguém faz

A jogada mais recente dos pró-prisão é talvez das que calam mais fundo. Lá se foi a dignidade da "vida intra-uterina". Em tempo de crise nada melhor que falar em dinheirinho para a malta se assustar. Parece que custa um ror de dinheiro ao Estado fazer IVG's no SNS.

Eu não gosto de falar de previsões. Como tal eu gostaria de saber quanto custa aos cofres do Estado a lei actual. Por exemplo, quanto custa ao SNS as complicações pós-IVG (físicas e psicológicas). 20, 30 milhões de euros?

A hipocrisia (e já agora a misoginia) também se paga. E não deve ser nada barata.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Coisas que gostava de ter escrito

«[...]1. Só no plano metafísico se pode comparar um óvulo fecundado com uma pessoa já nascida.

2. A vida é um valor em todos os seus estádios, mas juridicamente convém distinguir o direito à vida das pessoas já nascidas da defesa da vida intra-uterina.

3. As posições dogmáticas de Bento XVI equiparam a vida em todas as fases e, rigorosamente, consideram que a pílula do dia seguinte se assemelha a um atentado terrorista.

4. A Igreja Católica tem demonstrado um manifesto tacticismo na questão do aborto — em rigor, a Igreja é contra a lei em vigor em Portugal, porque nunca pode aceitar que se pratique um aborto no caso de violação ou de má formação do feto, por exemplo.

5. A contradição entre a condenação do aborto e a compreensão quanto à pena de morte é flagrantíssima, situando-se no campo das verdades axiomáticas. [...]»

Miguel Abrantes, no Câmara Corporativa.

Vote Sim! Ninguém o impedirá de continuar hipócrita!

terça-feira, janeiro 02, 2007

Teté apresenta lei da adopção que inclui casais homossexuais

Não, não é a Alexandra Teté, mas sim Teté Bezerra, uma deputada brasileira que apresentou uma proposta de lei que inclui a possibilidade de adopção por casais homossexuais e cujo relatório foi aprovado pela Comissão Especial da Lei de Adopção da Câmara dos Deputados do Brasil.

O Brasil agiganta-se no que aos direitos dos homossexuais diz respeito. Aqui, como em tudo, lá para 2009 deve ser aberto mais um processo referendário para saber se o Noddy pode andar na estrada apesar da tenra idade.

Para não ficar triste...



















Eu gosto mais de imaginá-lo assim JPH.

Implicación

Aqui fica uma curta com uma das minhas actrizes espanholas favoritas, Loles León.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Há vida humana em Bagdad?

Parece que o tirano de Bagdad morreu.

Sei que devem estar de ressaca, mas ainda não vi uma piedosa alma deste blogue soltar uma palavra que fosse em torno da vida que se perdeu. Não a mando de um qualquer deus, mas de um tribunal e de um governo lá para os lados do Médio Oriente.

Não tinha dez semanas, nem estava dentro do ventre de uma qualquer imaculada senhora. Era certamente vida humana (digo eu). Como pró-prisão, mais do que ninguém, estes senhores/as tinham o dever de ter defendido uma pena diferente para o ex-ditador do Iraque.

Eu até compreendo o silêncio destes senhores/as. Encaram a pena de morte lá longe (e se fosse perto?) da mesma maneira como encaram o IVG aqui: com hipocrisia e com uma suposta superioridade moral e cultural.