quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Adoption for same-sex couples



A nova campanha da ILGA.

D, de democracia e de doméstico


















Conheça o projecto «Pneumatic Parliament». Clique na imagem para aumentá-la.

[via we make money not art]

terça-feira, fevereiro 21, 2006

O Presidente do «país da pornografia gay» recusa dar direitos (mesmo que coxos) a... gays

Num dos países mais liberais do leste europeu, a República Checa, o Presidente Vaclav Klaus vetou, no passado dia 16, a lei que instituía as Uniões Civis entre PMS. A lei incluía direitos sucessórios similares aos do matrimónio heterossexual mas excluía o direito à adopção.

Vaclav Klaus acha que esta lei «colocaria em risco instituições tradicionais como a família», «um erro trágico», portanto.

A lei será assim devolvida aos legisladores que têm que a aprovar por maioria absoluta (pelo menos 101 dos 200 votos). A lei tinha já sido votada na câmara baixa, em Dezembro, tendo na altura sido aprovada por 86 votos a favor e 57 votos contra. Também no Senado a vitória do «sim» tinha sido esmagadora (45 contra 14).

Vaclav Klaus não conhece o país que o elegeu.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Razões para se gostar de Lost, 1


















Na imagem, Josh Holloway. Eu sempre gostei de vilões.

Da manipulação em torno dos cartoons de Maomé

Hoje, no Público, Alexandra Prado Coelho entrevista Barrie Wharton, perito em assuntos muçulmanos, em particular nas comunidades muçulmanas na Europa, do Centro de Estudos Europeus da Universidade de Limerick. Transcrevo uma passagem:

PÚBLICO: Na actual crise dos cartoons de Maomé, as reacções foram muito mais violentas fora da Europa do que entre as comunidades muçulmanas nos países europeus. Porquê?

Barrie Wharton: É verdade que houve essa diferença, mas é mais importante notar que houve reacções diferentes nos vários países europeus e nos vários países do mundo islâmico. Os media têm uma grande responsabilidade na simplificação do que se passou, em países como, por exemplo, no Irão. Neste momento há no Irão uma greve de transportes, tem havido manifestações nas ruas de Teerão muito maiores do que as dos cartoons - essa é a grande questão actualmente no Irão, mas não recebeu a mesma cobertura noticiosa. A reacção a este conflito foi muito motivada politicamente. Na Europa alguns grupos usaram isto para impor a sua agenda. E o primeiro-ministro dinamarquês tem aqui uma grande responsabilidade, porque foi eleito com base numa forte plataforma anti-imigração. A reacção foi específica da situação política de cada país, por isso temos que analisar isto de forma microscópica

PÚBLICO: Não podemos, então, falar de uma agenda política comum dos muçulmanos europeus? Mesmo que alguém de fora a quisesse impor...

Barrie Wharton: Do lado europeu houve esforços de alguma comunicação social para falar de uma "reacção muçulmana". Mas a principal característica das comunidades muçulmanas na Europa é serem plurais, heterogéneas. Numa altura em que vemos sunitas e xiitas a matar-se nas ruas de Bagdad é um pouco absurdo falar de uma posição comum na Europa. Os muçulmanos vindos do Norte de áfrica e que vivem em França têm poucas ligações com os dos países escandinavos ou os do Reino Unido. Os cartoons surgiram pela primeira vez há muitos meses e a reacção não foi espontânea, há pessoas no mundo árabe e na Europa que têm interesse em orquestrar uma resposta unificada.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Razões para se gostar de Lost


















Na imagem, Naveen Andrews.

Perdidos

A primeira série de Lost, da americana ABC, está em reposição na RTP. Mas como é habitual na televisão portuguesa, e estou a referir-me a quaisquer dos canais de televisão deste cantinho «futeboleiro» do «Ocidente», é difícil acompanhar as séries de que mais se gosta. Senão vejamos:

segunda-feira (dia 6 de Fev), a série começou à 1:00;
terça-feira (dia 7), às 00:30;
quarta-feira (dia 8), às 23:45 (dois episódios de seguida);
quinta-feira (dia 9), à 1:00;
sexta-feira (dia 10), não houve retransmissão;
sábado (dia 11), à 1:15;
domingo (dia 12), à 1:45.

Perdidos? Eu também. Já agora, hoje dia 13 começa às 00:50. E na próxima sexta também há episódio.

sábado, fevereiro 11, 2006

Os novos bobos


Na imagem o Padre Nuno Serras Pinto.

Depois de, há cerca de um ano, ter surpreendido Portugal com um anúncio nos jornais em que afirmava recusar a comunhão a quem usasse métodos contraceptivos,
entre outros disparates (de facto só os seguem quem quer), Nuno Serras Pinto ataca novamente e não só afirma que a «homossexualidade é uma doença», como o «aborto é um crime pior do que a pedofilia». Vale a pena ler o resto da palhaçada aqui.

O problema com a «liberdade de expressão» na Europa (como em todo o mundo «civilizado») é que nem todos têm o mesmo poder, junto dos mass media, para expôr os seus pontos de vista. São menos os dias em que saem notícias deste teor do que os dias em que saem notícias deste teor. Qualquer peido vindo do Vaticano ou da paróquia das Rãs de Cima se transforma rapidamente em notícia. E não é só em jornais de segunda, como o Correio da Manhã, acontece também nos da suposta referência e com uma agravante: tornam-se «a referência» em torno da qual se julga estar a discutir.

Por isso é que expressões como lobby gay vão ganhando força, à custa de tanto alarve que a repete. É por isso que frases como «os homossexuais podem casar desde que seja com pessoas de sexo diferente» vão passando incólumes, sem contraditório.

Antigamente havia nas cortes essas figuras chamadas os «bobos» que diziam a brincar aquilo que era sério. Eram pessoas influentes e até cultas, segundo se diz. Acho que corariam se pudessem ler e ouvir os seus sucessores do século XXI.

A cor olímpica



Os Jogos Olímpicos parece que são para celebrar a humanidade, mas parece, também, que os de Inverno se esqueceram (?) da maior parte dela. São brancos estes jogos e não é só por ser a «cor do frio»: é a cor da riqueza.

P. S. Não sei se a equipa da Jamaica foi, mas o excelente serviço da RTP só mostrou o que interessa. Claro. E o que interessa é uma cerimónia facha, para gente civilizada. De preferência branca, como a neve.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

O «Ocidente» no seu esplendor

Vladimir Kuzov é um deputado do partido ultra-nacionalista búlgaro Ataka. É acusado de um crime de abuso sexual a um menor de 14 anos. Acontece que as leis daquele país impedem que deputados possam ser julgados por crimes cuja moldura penal seja inferior a cinco anos.

Claro, quando se fala em pedofilia vem logo à baila (e eu que pensava que era um exclusivo ibérico) a homossexualidade. O líder do partido búlgaro, Volen Siderov, apressou-se a afastar Kuzov, procedendo ao outing de outros três deputados da Assembleia. Siderov já se tinha referido à homossexualidade como um «estado anormal» e promete apresentar um projecto-lei que condene à morte um pedófilo e criminalize a homossexualidade (a pena de morte tinha sido abolida com a queda do regime comunista, há 15 anos).

A Bulgária será brevemente um novo membro da União Europeia, e pergunto-me se a resolução do parlamento europeu sobre homofobia consta das exigências para a sua entrada no «clube dos civilizados». O meu pessimismo é total.

[via dos manzanas e ABC]

P. S. Post remendado (15/02/2006). Foi retirado «que ganhou as últimas eleições legislativas, em junho de 2005». Fui induzido em erro no post do dos manzanas, onde vi esta notícia. De facto, como me alertou um anónimo nos comentários, o Ataka não ganhou as eleições de 2005. No entanto, continua a fazer sentido o resto do post.

Temos mesmo que escolher entre porcos e camelos?

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Direito à hipocrisia e à pouca-vergonha?

Duas notas prévias: sou pela liberdade de expressão e sou ateu. Isto porque parece que ver a coisa para além do prisma «liberdade de expressão» me converte automaticamente em defensor do radicalismo; mais, converte-me em «muçulmano».

Quando ontem lia isto no Correio da Manhã, não pude deixar de ter espasmos pré-vómito perante isto (o Miguel e muita gente que admiro que me desculpe, mas é o que sinto).

Então não é que agora, perante o «ataque» do «mundo islâmico» (agora chamam-lhe xenófoba e ignorantemente «rua árabe») a um país europeu, os homofóbicos da praça até já nos (a mim também) querem mostar, tipo macacos em jardim zoológico, aos bárbaros muçulmanos como exemplo de que a Europa é um lugar «civilizado». Precisamente neste momento, em que se inaugurou a discussão do casamento entre PMS no nosso país e em que esses mesmos homofóbicos da praça (e são a grande maioria dos opinon makers do «beco cristão») se empenham em demonstrar que somos (como se houvessem dois gays iguais!) atrasados mentais, gente promíscua, incapaz de ter filhos e dar um um futuro à nação.

É que quem lê isto que o MVA escreveu há uns tempos, a propósito da vaga de violência em França, não consegue mesmo perceber como pode embarcar cegamente numa manifestação que apela ao mais obtuso dos slogans: uma suposta chantagem islâmica à «liberdade de expressão europeia».

Será que a Dinamarca, ou o glorioso «Império do Ocidente», nada tem a ver com o que se passa no mundo islâmico? Não tem responsabilidades na manutenção dos muitos problemas que por lá subsistem? Não tem responsabilidades no facto de religiosos fanáticos terem tomado o poder e de manterem as respectivas populações sob a chantagem de uma religião misógina, homofóbica e racista? Não tem responsabilidades de marginalização dos habitantes do espaço muçulmano (digo habitantes, porque nem todos são muçulmanos e muito menos radicais), mesmo dos que imigraram para a Europa, em busca de melhores condições de vida?

Se a «coisa» é dizer ao senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros português que não pode justificar-se socorrendo-se da Virgem Maria para cercear a liberdade de se ser neo-nazi, então que se seja claro! Que seja uma «cruzada» anti-religiosa que o digam claramente! Mas que não se venha com o «projecto comum europeu» (que não existe para além da economia partilhada), porque então teria que perguntar: porque não esteve essa gente em frente da embaixada da Polónia para protestar a favor da liberdade de expressão de gays e lésbicas daquele país? Porque não esteve em frente da embaixada da China para exigir «liberdade de expressão» e já agora exigir à Google que não ceda às pressões chinesas na sua tentativa de branquear o regime e de censurar conteúdos aos seus cidadãos?

Será que esta manifestação tem o intuito de melhorar as condições da populações do mundo islâmico? Ou é para que a Dinamarca possa continuar a vender bolos de manteiga e a ser «boazinha» perante esses «bárbaros»?

É que nunca esteve em causa a «liberdade de expressão»; o que está em causa é avançar para um mundo que não se verga (porque pode chantagear economicamente o «Ocidente») à nova agenda «politicamente incorrecta» que quer à força (esse é o american way to do it) ou suavemente (esse é european way to do it) pôr o «inimigo» a cooperar com os interesses económicos da «civilização ocidental». Sim, porque alguém já se manifestou contra uma Arábia Saudita, cooperante com o Ocidente, mas que mantém o mais obscuro dos regimes daquelas bandas?

Tudo isto me cheira a hipocrisia, tudo isto me cheira a uma imensa falta de vergonha. Construir a imagem dos «bárbaros» é coisa que o Ocidente sempre fez e os resultados e a verdadeira bomba estala-lhe nas mãos, precisamente por sua quase exclusiva culpa. Nesse sentido só posso estar com o Daniel Oliveira: os cartoons discutem-se; as provocações discutem-se. Porque nem a Dinamarca, nem nenhum país é inocente nesta história.

E, de facto, não estou nem com neo-nazis, nem com radicais de nenhuma espécie, estou com a liberdade, a luta pela igualdade e pela miscigenação!

P.S. Post remendado: onde estava «paradas gay» mudei para «marchas LGBT» porque concordo com o Boss, nos comentários; a intenção não era denegrir nem dar uma má conotação à manifestação. Onde estava o link para o aspirina em geral pus só para o link do Daniel Oliveira e do Rui Tavares. Mas também posso acrescentar o link para o Nuno Ramos de Almeida e, já agora, para os excelentes posts do Eduardo Pitta e da Ana Sá Lopes.

P.S. 1 Post duplamente remendado (15/02/2006). Foi retirado este trecho «Por muito que os promotores sejam os mesmos que estão à frente de marchas LGTB, como Rui Zink; aliás nas páginas do Inimigo Público, Zink e companhia têm sistematicamente construído uma imagem dos homossexuais em nada diferente dos seculares preconceitos que sobre eles existem. Sim, sou pela liberdade de expressão e gosto de cartoons, mas também tenho o direito a pensar por mim». O ALF, nos comentários, fez-me ir à ficha técnica do suplemento satírico do PÚBLICO. De facto, não consta lá o nome de Rui Zink. Fui induzido em erro por alguma leitura que tenha feito sobre a autoria daquele suplemento. Ao visado o meu pedido de desculpas e ao ALF um obrigado pelo alerta.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Bible Belt estende os seus tentáculos

O recém escolhido líder dos Tories (partido conservador britânico) David Cameron está em negociações para sair do grupo parlamentar europeu de centro-direita e formar um novo grupo.

Para tal precisa do apoio de pelo menos mais quatro partidos da União Europeia e está já em negociações com o ultra-católico e ultra-homofóbico partido da "Lei e Justiça" polaco, actualmente na presidência e no governo (em minoria e recentemente coligada com extrema-direita, seja lá o que isso queira já dizer).

O Reino Unido pode, a médio prazo, juntar-se à Bible Belt europeia que o Boss definiu aqui. Más notícias para a Europa, indignada que está com o longíquo e supostamente radical «mundo muçulmano» e pouco atenta ao que se passa nas suas protegidas e civilizadas fronteiras.

RA RE














[via dos manzanas]

A marca RA RE continua a excelente campanha iniciada o ano passado.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Nova etapa

«Diário Remendado», de Luiz Pacheco, é o livro que estou a ler. (Re)Começo bem, a plagiar.